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MAM-SP exibe trabalhos de Antonio Henrique Amaral
Everaldo Fioravante
Do Diário do Grande ABC
05/05/2004 | 20:41
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À época da ditadura militar (1964-1985), o artista plástico paulistano Antonio Henrique Amaral, 68 anos, criou obras que retratam bananas como metáforas do regime – as frutas surgiram, por exemplo, amarradas e perfuradas por garfos. Desde então, ele ficou conhecido como o “pintor das bananas”. No entanto, não é só disso que Amaral vive. “Todo rótulo é falso. É pré-juízo, pré-conceito. Desde 1975 não faço mais obras desta série, mas a rotulagem persiste. É uma marca que reduz o corpo do meu trabalho”, diz.

A partir das 19h30 desta quinta, o MAM-SP (Museu de Arte Moderna de São Paulo) exibe cerca de 80 trabalhos que refletem a força expressiva de Amaral, muito além das bananas.

A exposição Antonio Henrique Amaral – Gravuras – 1957/1971 traz linoleogravuras, xilos e gravuras em metal, em preto-e-branco e em cores, nas quais uma gama temática é explorada.

Estão representadas séries como Bocas e Archi-tetas. Matrizes em madeira (utilizadas na criação das xilos) complementam a exposição que tem curadoria de Maria Alice Milliet.

Assim, a mostra funciona como uma apresentação do Amaral gravurista, já que ele é conhecido sobretudo como pintor. “De 1967 para cá, me dedico exclusivamente à pintura, com algumas incursões na gravura. Mas a maioria das pessoas me conhece mesmo como pintor”, afirma.

No vernissage será lançado o livro Antonio Henrique Amaral – Obra Gráfica – 1957/2003 (Momesso Edições de Arte, formato 23,5cm x 16cm, 224 págs., R$ 87), uma catalogação completa da obra gráfica do artista. Na abertura, que tem entrada franca, a publicação será vendida ao preço promocional de R$ 70.

Laços – Amaral tem relações com a gravura e o MAM-SP há bastante tempo. A primeira exposição individual dele foi no museu (à época sediado na rua 7 de abril), em 1958. Na ocasião, exibiu apenas gravuras. Um ano antes, ele já estudava essa linguagem artística no mesmo MAM-SP: tinha aulas com o mestre Lívio Abramo (1903-1992).

“O trabalho com gravura é a minha primeira grande produção. Serviu, entre outras coisas, para me ensinar a importância do traço, a respeitar o preto e o branco, a respeitar a cor”, diz Amaral.

Obras de Amaral integram os acervos de arte de Santo André, São Caetano e São Bernardo. Em Santo André, ele foi premiado na segunda edição do Salão de Arte Contemporânea, em 1969: “Lembro perfeitamente dessa ocasião: é uma pintura da série das bananas. Graças a esse tipo de aquisições eu consegui sobreviver naquele período, uma época em que não existia mercado de arte”.

Antonio Henrique Amaral – Gravuras – 1957/1971 – No MAM-SP – Parque do Ibirapuera, São Paulo. Tel.: 5549-9688. Abertura nesta quinta, às 19h30, com entrada franca. Visitação a partir desta sexta. Segunda, terça, quarta e sexta, das 12h às 18h; quinta, das 12h às 22h; sábado, domingo e feriados, das 10h às 18h. Ingr.: R$ 5. Até 25 de julho.




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