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Chacina em Mauá pode ter sido acerto de contas
Artur Rodrigues
Do Diário do Grande ABC
15/02/2006 | 07:55
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Cada vez fica mais forte a suspeita de que a chacina que matou três pessoas no último sábado em Mauá seja um acerto de contas por questão de desavença. José Emidio Filho, 48 anos, e seu filho José Sérgio Emidio, 23, e Rodinei Estevam de Oliveira, 36, foram assassinados na Vila Adelina com vários tiros, segundo testemunhas, por dois homens em uma motocicleta. A Polícia Civil, apesar de não descartar a hipótese de latrocínio (roubo seguido de morte), estuda a possibilidade de que um dos homens mortos estivesse ameaçado de morte. Enquanto isso, no Jardim Kennedy, a favela que foi palco de duas chacinas em menos de um ano continua ocupada pela Polícia Civil da cidade.

Denúncia anônima enviada ao Diário também depõe contra a hipótese de latrocínio. Uma testemunha diz que viu um homem, em um Voyage bege, saquear as três vítimas, já mortas. Todos foram encontrados sem seus pertences, inclusive as carteiras. Um deles estaria carregando R$ 350. Até o tênis de uma das vítimas foi roubado. “As pessoas ficaram com medo de dizer à polícia”, conta a testemunha.

Investigadores do 3ºDP da cidade afirmam que estão cada mais perto de desvendar a história. As três vítimas eram evangélicas e estariam indo para a igreja em um Fusca bege quando foram abordadas por dois homens em uma Twister. Houve perseguição. Segundo testemunhas, os homens da moto atiravam no carro. Até que, já com o motorista morto, o veículo bateu no alambrado de um campo de futebol. Uma das vítimas ainda teria empurrado os corpos dos homens que ocupavam o banco da frente dos veículos e saído. Nesse momento, os motociclistas o teriam baleado com diversos tiros.

A testemunha ouvida pela reportagem afirma que só viu os dois assassinos, de capacete, indo embora. Depois, afirma que observou a chegada do homem que saqueou os corpos.

Jardim Kennedy – A Polícia Civil de Mauá continua ocupando a favela do Jardim Kennedy, para inibir a criminalidade. Terça, segundo o delegado titular da cidade, Américo dos Santos Neto, não foi realizada nenhuma prisão. “Mas teve efeito prático. O plantão do 1ºDP teve menos ocorrências. Isso vai ser constante”, explica o delegado. Segundo ele, não há previsão para o fim das incursões do efetivo da cidade na área.

Moradores da favela acusam policiais militares de estarem envolvidos em duas chacinas ocorridas no local. O primeiro crime ocorreu dia 23 de julho do ano passado e deixou três mortos. O outro episódio ocorreu dia 9 de janeiro de 2006 e teve o mesmo número de vítimas.

A Polícia Civil da cidade continua investigando a possibilidade do envolvimento de PMs no caso. A Polícia Militar diz que as denúncias dos moradores não têm fundamento e que são “estratégia de marginais para atingir a corporação”. Segundo ele, as viaturas denunciadas por testemunhas como as dos PMs supostamente envolvidos não estavam em serviço no horário dos crimes.

Na sexta-feira, mais um morto na favela. Dessa vez, a vítima foi Willian Finco, 19, o Alemão, apontado como chefe do tráfico no local. Ele foi encontrado debaixo de sacos de lixo, na favela do Jardim Kennedy. Ainda não há suspeitos da autoria do crime.




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