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Cidades ganham 364 leitos de UTI durante a pandemia

Dados contemplam vagas de emergência nas redes pública e privada; especialista alerta para desigualdade sentida no SUS

Thaina Lana
Do Diário do Grande ABC
13/03/2022 | 07:00
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DGABC


As seis cidades do Grande ABC – a exceção é Rio Grande da Serra, que não possui leitos de emergência – ganharam 364 leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) durante a pandemia de Covid-19, aumento de 32,5% na comparação dos números atuais com os de fevereiro de 2020, um mês antes do início da crise sanitária. Segundo levantamento realizado pelo Diário, com dados do CNES (Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde), vinculado ao Ministério da Saúde, os municípios registraram em 2022, somando a rede pública e a privada, cerca de 1.484 vagas de internação de UTI, contra 1.120 em fevereiro de 2020.

Segundo recomendação da OMS (Organização Mundial da Saúde) – projetada antes da pandemia – é suficiente para atender as necessidades médicas da população a existência de 10 a 30 leitos de UTI para cada 100 mil habitantes. Atualmente, a região registra a média de 53 estruturas para cada 100 mil habitantes, considerando os dados das seis cidades analisadas – veja as informações por município na tabela acima.

Para professora de saúde coletiva do FMABC (Centro Universitário Faculdade de Medicina do ABC), Vânia Barbosa do Nascimento, a atual quantidade de leitos disponíveis é suficiente para atender a população por conta do número de estruturas destinadas para os casos de Covid. Dos 1.484 leitos disponíveis, 311 atualmente ainda são exclusivos para tratamento de pacientes acometidos com o coronavírus, ou seja, 20,9% do total.

“Além dos leitos de Covid, também é importante ressaltar que esses dados consideram as estruturas em hospitais públicos e privados. A realidade é que a maioria desses leitos está disponível nos hospitais particulares, que atende uma menor parcela da população. Quanto menos beneficiários dos planos de saúde maior é a demanda do SUS (Sistema Único de Saúde), que é gratuito e é direito de todos, mas que não está preparado para receber tantos pacientes”, pontua a docente. A plataforma do CNES não diferencia vagas públicas e privadas.

Desde o início da série histórica, em 2012, a região adquiriu 822 leitos, média de 82 estruturas por ano. Em comparação entre as cidades, Santo André é o município com maior número de vagas de UTI. Atualmente o município contabiliza 490 leitos de emergência, seguido por São Bernardo com 457 e São Caetano com 256. Na sequência aparecem Mauá (164), Diadema (101) e Ribeirão Pires (16). Já na proporção de leitos por 100 mil habitantes, São Caetano tem a melhor situação disparado, com 157.

A especialista reforça a discrepância no número de leitos em alguns cidades da região. Ela explica que Santo André e São Caetano – municípios com maior número de leitos – contam com mais hospitais particulares, por isso disponibilizam mais estruturas, porém não necessariamente atendem mais pessoas. “Outro ponto importante são as unidades de referência na região, como o Hospital Mário Covas, em Santo André, por exemplo, que recebe pacientes de diversas outras cidades do Grande ABC”, esclarece Vânia.

EQUIPE MÉDICA

Além dos leitos disponíveis, a diretora do Hospital Santa Clara, Angela Bossetto, alerta para a necessidade de ampliação da equipe médica para atender todos os pacientes. “Com o aumento das internações por conta do coronavírus, a equipe, entre médicos e enfermeiros, não foi suficiente para atender tantas demandas. Com base na legislação do CRM (Conselho Federal de Medicina) um médico pode atender até dez pacientes de alta complexidade, enquanto o enfermeiro, dependendo da complexidade, deve atender menos que dez. Porém, com a pandemia, a realidade foi bem diferente, tivemos médicos atendendo mais pacientes do que o permitido. A conta é muito desproporcional, porque o paciente é afetado diretamente, então, é importante pensar no todo: nos leitos e nos profissionais”, finaliza a médica.  




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