Política Titulo Abril de 2022
Prefeitura de Sto.André está perto de entregar o Parque Guaraciaba

Financiado com recurso de contrapartida ambiental, espaço está previsto para ser inaugurado em abril

Dérek Bittencourt
Do Diário do Grande ABC
02/01/2022 | 00:01
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Divulgação/PMSA


Santo André dá sequência à proposta de resgate de lugares históricos e simbólicos, mas que, por muitos anos, estiveram abandonados ou receberam pouca atenção. Assim como vem fazendo com outros espaços, a cidade pretende entregar em abril, quando completa 469 anos, nova área de lazer aos moradores. O futuro equipamento, que está em fase final de construção, vai ocupar local com histórico de tragédias e um apelido bastante pejorativo, Tancão da Morte, que em breve dará lugar ao novo Parque Guaraciaba.

A ideia é desassociar o revitalizado local de passado que envolveu mortes por afogamento no lago de 75 mil metros quadrados – remanescente de antiga atividade de mineiração de areia – que integra o espaço. Desde a inauguração do parque, nos anos 1990, foram pelo menos 33 óbitos no lago (leia mais abaixo), que, após a reabertura, não terá permissão de acesso.

“Temos no nosso compromisso com a cidade, no plano de governo, recuperar os símbolos da cidade que estavam abandonados. O Cine Theatro Carlos Gomes, o Teatro Conchita de Moraes, Complexo Esportivo Pedro Dell’Antonia, o Estádio Bruno Daniel e, talvez, um dos principais, seja o Parque Guaraciaba, por conta das tragédias que aconteceram. Aquela área já foi palco de muito debate político, alvo de má fama por pessoas que perderam a vida. Então fizemos esforço e usamos de muita criatividade para devolver esse equipamento em forma de parque, que era o que a cidade queria. Um dos símbolos principais da retomada, deste novo momento de retomada que a cidade vive nesses últimos cinco anos”, destacou o prefeito Paulo Serra (PSDB).

O parque possui área de aproximadamente 550 mil metros quadrados. A verba para a construção é composta por licenciamentos ambientais do município (que já captaram R$ 6 milhões), além de recursos próprios da Prefeitura. “Este formato (de financiamento) é novo, porque estamos recuperando o parque 100% com recurso de contrapartida ambiental. Então tudo o que é pedido, estamos conseguindo investir num equipamento que tem ligação direta com preservação de Mata Atlântica. Então, é conceito novo. Assim como tivemos outras obras com contrapartida privada, esta é com contrapartida ambiental”, explicou o chefe do Paço andreense.

O novo Parque Guaraciaba teve as obras iniciadas em outubro de 2019 e vai contar com academia ao ar livre, área de eventos, duas quadras poliesportivas, uma quadra de gramado sintético, dois playgrounds – com brinquedos adaptados para pessoas com deficiência –, tirolesa, teatro arena, área de evento, ciclovia, praça do ciclista, ponto de abastecimento de água de reúso, sedes da administração e GCM em contêineres,alongamento e de contemplação, pista de caminhada e mirante com deck.

“É um novo Parque Guaraciaba, porque quando tentaram fazer não tinha estrutura, não conseguiu se consolidar. Será alternativa muito interessante para aquela região, que não conta com equipamentos com essa capacidade e proporção. As pessoas já tinham perdido um pouco da esperança. Assim como vemos alegria das pessoas sobre o Carlos Gomes, o Guaraciaba tem para as pessoas daquela região o mesmo simbolismo”, disse Paulo Sera. “É a transformação de local de notícias tristes que vai se tornar parque para esporte, cultura e lazer para nossa cidade”, finalizou o prefeito.

Lago tem histórico de mortes

O Parque Guaraciaba foi oficialmente aberto à população em abril de 1992, também em comemoração ao aniversário da cidade. O espaço de lazer foi um pedido da população local, que nos anos antes convivia com recorrentes casos de acidentes fatais no lago – que até 1984 era usado por uma empresa que fazia extração de areia – e queria um equipamento seguro e oficial. 

Pouco tempo depois, no entanto, imbróglio judicial fechou o parque, que voltou a ser invadido e utilizado de maneira ilegal e, consequentemente, as fatalidades voltaram a acontecer – ao menos 33, segundo registros. E, em razão dos casos, o local acabou batizado como Tancão da Morte. 

Em 30 de janeiro de 2014, o espaço foi palco de uma de suas maiores tragédias. Seis jovens de Mauá, com idades entre 12 e 17 anos, deixaram de ir para a escola para fazer um piquenique no local, acessando-o por uma trilha oriunda do aterro sanitário. Em determinado momento da diversão, um deles resolveu nadar no lago artificial e acabou se afogando. Outros quatro tentaram ajudar o amigo e também perderam a vida. Apenas um garoto de 15 anos sobreviveu. 

Tal episódio levou o Ministério Público a solicitar a interdição do espaço e adoção de providências para evitar que casos se repetissem. Presença constante da GCM (Guarda Civil Municipal) e avisos de proibido entrar e nadar foram algumas das medidas tomadas, mas denúncias de invasão seguiram até o início das obras do atual projeto, em outubro de 2019.




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