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Pesquisa projeta alta de
fraturas por osteoporose

Sedentarismo, perda de cálcio e falta de vitamina D são
algumas das causas desta doença silenciosa e perigosa

Por Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
28/05/2012 | 07:00
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Silencioso e perigoso, o desgaste dos ossos acomete uma em cada três mulheres após a menopausa no Brasil. Pesquisa inédita da IOF (Fundação Internacional da Osteoporose, na sigla em inglês), realizada em 14 países da América Latina, alerta para a necessidade de discussão e pesquisas sobre prevenção e tratamento da doença o quanto antes.

O cenário é espantoso: estima-se que cerca de 3 milhões de mulheres com mais de 50 anos têm fraturas vertebrais, sendo que a maioria sequer possui diagnóstico de osteoporose. E a projeção é preocupante, já que, até 2050, o número de fraturas de quadril - um dos impactos mais problemáticos da doença - deve aumentar 32%.

Somado a fatores de risco, como estilo de vida sedentário, tabagismo, consumo de álcool e falta de cálcio e vitamina D, o desgaste provoca fraturas. A maior incidência é nos idosos.

Com isso, à medida que a população brasileira envelhece, aumenta a preocupação. A estimativa da IOF é que a expectativa de vida chegue a 80 anos em 2050 - atualmente é de 71 anos. Hoje, cerca de 20% dos brasileiros têm 50 anos ou mais e 4,3% estão acima dos 70. Daqui a 38 anos, os números subirão para 37% e 14%, respectivamente. "Queremos prevenir principalmente fraturas por traumas de pouca energia nas pessoas com idade avançada", comenta o presidente da Abrasso (Associação Brasileira de Avaliação da Saúde Óssea e Osteometabolismo), Bruno Muzzi.

Devido às quedas das pessoas com 60 anos ou mais, os tipos mais comuns de fraturas são os de quadril e vértebras, sendo que o último pode ser silencioso. "Quando constatada perda de altura de mais de quatro centímetros é indicada dessintometria óssea para avaliar os riscos", recomenda.

A projeção é para aumento de fraturas de quadril de 121 mil para 160 mil por ano. Segundo Muzzi, esse tipo de ferimento é causa de sofrimento, incapacidade e morte precoce nos idosos. "Estudos indicam que 20% das vítimas deste tipo de fratura morrem um ano após o acidente."

PREVENÇÃO
A melhor maneira de evitar problemas na terceira idade é focar a prevenção desde cedo, segundo o presidente do comitê de Associações Nacionais da IOF, José Zanchetta. A recomendação é simples: dieta balanceada, ingestão de um grama de cálcio por dia desde criança - disponível em leites, queijos e iogurtes, por exemplo - e se expor ao sol por pelo menos 15 minutos três vezes por semana, em busca da vitamina D. "As pessoas são pouco informadas sobre o direito ao tratamento", observa.

Segundo Zanchetta, os médicos também precisam se preparar para melhor atender os pacientes e identificar problemas ósseos. "Os profissionais da medicina precisam prestar mais atenção na osteoporose e investigar as causas das fraturas."


Brasil aguarda tecnologia para calcular riscos

Até o fim do ano, o Brasil deve ganhar ferramenta que calcula o risco de fraturas nos indivíduos pelos próximos dez anos. Denominada Frax, a metodologia já está disponível na Argentina, Colômbia, Equador e México. Por meio de cálculo on-line, o dispositivo pode ser usado gratuitamente para conscientizar pacientes sobre fraturas a que estão suscetíveis e prevenir problemas.

Atualmente, está sendo desenvolvido estudo em seis centros de pesquisa do País, chamado Bravos (Estudo Brasileiro de Osteoporose Vertebral), que reunirá dados epidemiológicos para a instalação da Frax. A ideia é que a edição, disponibilizada ainda neste ano, seja ajustada a partir da realização de novos estudos, explica o chefe de Divisão de Pesquisa Clínica do Serviço de Reumatologia do Hospital Heliópolis, Cristiano Augusto de Freitas Zerbini.

CARÊNCIA
Apesar de avanços na área de pesquisa sobre o tema, Zerbini alerta para a necessidade de mais esforços na tentativa de prevenir fraturas, além de direcionamento para profissionais da saúde. "Além de investimento em campanhas de conscientização, o governo tem de dar apoio à elaboração de estudos mais abrangentes", destaca.


Tratamento usa videogame em São Bernardo

O Ambulatório de Osteoporose do Caism (Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher), em São Bernardo, desenvolve fisioterapia para mulheres com desgaste nos ossos utilizando o videogame Wii. O equipamento tem proposta de trabalhar o equilíbrio e a flexibilidade e ajuda a amenizar a dor nas pacientes.

As sessões duram 40 minutos e o tratamento se estende por cerca de três meses, uma vez que a finalidade é ensinar os pacientes para que pratiquem em casa. O acompanhamento clínico no Caism dura cerca de cinco anos. O público-alvo são mulheres com idade avançada e com maior risco de fratura e que, portanto, precisam de atendimento individualizado. A média é de oito pacientes atendidas por fase de tratamento.

Outros recursos também são utilizados na reabilitação e fortalecimento dos músculos das mulheres, como bolas suíças, pranchas de equilíbrio, pesos e faixa elástica.

O serviço de atendimento à mulher de São Bernardo foi criado em 2009 e atende em torno de 50 pessoas por mês. Para passar pelo Ambulatório de Osteoporose, as mulheres precisam ser encaminhadas pelas UBSs (Unidades Básicas de Saúde). No Caism, elas passam por consulta médica, exames, são medicadas e iniciam fisioterapia após avaliação cardiológica.

 

TRATAMENTO

O professor de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Medicina do ABC, Walter Yoshinori Fukushima, destaca que uma vez constatada a doença, o tratamento é constante. "Não há uma cura, mas tratamentos eficazes com medicamentos, exames de controle, acompanhamento médico, além da reposição do cálcio, dos exercícios físicos e dos banhos de sol", indica.




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