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Dados do Ministério da Saúde indicam
que região aplicou 46 vacinas vencidas

Prefeituras negam o problema, dizem que usaram os imunizantes dentro do prazo de validade e falam em erros no sistema nacional

Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
03/07/2021 | 08:53
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Claudinei Plaza/DGABC


Dados do Ministério da Saúde, disponíveis no Portal Brasileiro de Dados Abertos, indicam que as prefeituras do Grande ABC aplicaram 46 doses da vacina Astrazeneca fora do prazo de validade. As informações foram compiladas pela Folha de S.Paulo. As prefeituras negaram que tenha havido erro na aplicação e sugerem uma falha no sistema do Ministério da Saúde.

Segundo o levantamento, a situação afetou ao menos 26 mil pessoas em todo o País, com doses vencidas de sete lotes: 4120Z001, com vencimento em 29 de março; 4120Z004, com vencimento em 13 de abril; 4120Z005, com vencimento em 14 de abril; CTMAV505, com vencimento em 31 de maio; CTMAV506, com vencimento em 31 de maio; CTMAV520, com vencimento em 31 de maio; e 4120Z025, com vencimento em 4 de junho. A recomendação é para que as pessoas confiram os seus cartões de vacinação para verificar se o lote com unidades vencidas foi o recebido e se ele foi aplicado após a data de vencimento. Em caso positivo, é preciso procurar unidade de saúde para orientação.

Na região, a cidade com maior número de casos é São Bernardo, com 15. Teriam sido cinco doses aplicadas na UBS (Unidade Básica da Saúde) Vila Marchi, quatro na UBS Alves Dias, três na UBS Vila Euclides, uma dose no Hospital Infor, uma no Hospital São Bernardo e uma na UBS Montanhão.

Mauá registrou 14 casos, sendo que cinco doses teriam sido aplicadas na UBS Zaíra I, cinco na UBS Primavera, duas na UBS Capuava, uma na UBS Jardim Itapark e outra na UBS Jardim Santista. Santo André teria tido 11 doses vencidas aplicadas, todas na UBS Espírito Santo. Em Diadema, seriam três casos: nas UBSs Centro, Nova Conquista e Maria Thereza. São Caetano teria duas vacinas aplicadas no Atende Fácil. Em Ribeirão Pires teria sido uma dose, que, segundo o apontamento, foi aplicada na UBS Ribeirão Pires.

A Prefeitura de Santo André informou, por nota, que a cidade não aplicou nenhuma vacina vencida. O município recebeu vacinas do lote 4120Z005 com vencimento em 14 de abril e todas as doses foram aplicadas dentro do prazo de validade. A Prefeitura de São Bernardo também informou que nenhuma vacina fora da data de vencimento foi ministrada na cidade.

A Prefeitura de São Caetano afirmou, em nota, que não usou nenhuma dose de vacina fora do prazo. Que a cidade recebeu apenas um dos lotes em questão: 4120Z005, no dia 26 de janeiro. Foram 3.700 doses e vencimento no dia 14 de abril e elas foram utilizadas para vacinar profissionais da saúde e parte do primeiro público-alvo de idosos, entre janeiro e fevereiro.

Diadema informou sobre as três doses aplicadas em unidades da cidade e que aparecem no sistema de consulta, trata-se de erro de digitação, e já foi providenciada a correção no sistema. “As doses recebidas no município foram todas aplicadas dentro do prazo de validade”, explica a nota.

A Prefeitura de Ribeirão Pires afirmou que não aplicou nenhuma vacina vencida. “Recebemos no dia 26 de janeiro o lote 4120Z005 com vencimento em 14 de abril e destinamos ao público dos profissionais da saúde durante o mês de fevereiro”, afirmou. Mauá disse que recebeu o lote 4120Z005, em 26 de janeiro, com validade até 14 de abril e usou tudo até 5 de março.

SEM RISCOS
Enfermeiro infectologista do Hospital San Paolo, Milton Monteiro afirmou que se alguém tiver tomado a dose da vacina vencida, não é preciso temer efeitos colaterais, mas o imunizante não fará efeito e a aplicação precisa ser refeita. A Fiocruz informou que os lotes citados foram adquiridos da Índia.

O Ministério da Saúde garantiu que nenhuma dose foi enviada fora do prazo de validade para os Estados. Diretor comercial da Temp Log, empresa especializada em logística de insumos farmacêuticos, Ricardo Canteras destacou que há sistemas aptos a barrar o envio de insumos próximos do vencimento para Estados e cidades. “Sem fazer isso, o governo federal acaba jogando o problema para outros gestores”, afirmou. Canteras destacou que o Brasil tem grande experiência na distribuição de vacinas e que não há notícias de problemas semelhantes. “É uma grande pressão pelo momento que vivemos”, concluiu. 




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