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Variante de Manaus pressionou óbitos por Covid-19

Maio foi o mês com menor dado de infectados no ano, mas também o de mais falecimentos

Por Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
03/06/2021 | 07:00
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Denis Maciel/ DGABC


Maio terminou como o mês mais letal desde o início da pandemia no Grande ABC, com 1.193 óbitos. Abril, que até então havia sido o mês com maior número de mortes, registrou 1.149 vítimas fatais. Em contrapartida, maio também teve redução no total de novos casos, situação que não ocorria desde novembro de 2020. Foram 15.014 novas contaminações, contra 21.681 em abril, queda de 30,7%. Na avaliação de especialistas consultados pelo Diário, as possíveis explicações para os números – mais mortes e menos casos – pode passar pela variante de Manaus do novo coronavírus, a P1, que, por ser mais letal, ocasionou mais óbitos, mesmo com um número menor de infectados.

Para o infectologista e diretor do Hospital Santa Ana, em São Caetano, Paulo Rezende, a segunda onda de contaminações por Covid, vivenciado na região e no Brasil entre março e abril, teve letalidade maior do que a chamada primeira onda, em julho de 2020. Justamente pela variante do vírus, que aumentou o tempo de internação dos pacientes, alguns óbitos de maio podem ter sido de pessoas que se contaminaram um ou dois meses antes, avaliou.

Rezende também ponderou que o número de testes realizados em maio caiu, porque muitas pessoas acabaram não procurando os serviços de saúde nos casos em que o quadro da doença era leve. “O nosso índice de testagem em relação à população é muito baixo, o que dá um indicador de letalidade muito alto”, explicou. O médico apontou que a média de letalidade da Covid-19 é em torno de 1,7% dos infectados. No Grande ABC, em maio o índice foi de 7,95%. “A gente vê que a Índia tem índice de letalidade alto porque eles testam muito poucas pessoas. Nos Estados Unidos a gente vê o contrário, a taxa de letalidade é baixa porque o número de exames é muito alto”, comentou Rezende.

Infectologista e docente do curso de medicina da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), Renato Grinbaum afirmou que vivemos um leve abrandamento no número de infecções, o que não quer dizer que a pandemia esteja sob controle, mas que realmente houve queda no número de novos casos e internações, especialmente comparados aos indicadores de março. “Temos que ter cuidados para não observar novos aumentos”, comentou.

Assim como Rezende, Grinbaum acredita que a alta letalidade de maio possa estar relacionada à variante P1 que predomina no Brasil e é mais agressiva. O infectologista ressaltou que o momento é de menor velocidade de transmissão, se compararmos com março e abril, mas que a pandemia não acabou . “Ao contrário. Temos a possibilidade de disseminação de uma nova variante. Não podemos manter a restrição de atividades como em março, mas esta abertura da economia deve ser acompanhada de prudência e bom senso”, avaliou. “Distanciamento tem que ser respeitado, evitando sair de casa, quando sair evitar lojas, mercados e outros estabelecimentos cheios, usando máscaras, procurando dar distância mínima de dois metros entre as pessoas”, concluiu o infectologista. Por meio de nota, as prefeituras de São Bernardo e Mauá informaram que os dados refletem o ciclo da doença. As outras não comentaram. 




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