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Três cidades da região registram aumento de internação nas UTIs

Secretários de Saúde e epidemiologista apontam que alta nos casos indica possível terceira onda da Covid

Anderson Fattori
Do Diário do Grande ABC
19/05/2021 | 00:01
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Nario Barbosa/DGABC


O número de pacientes internados com o coronavírus subiu em três das sete cidades do Grande ABC a partir do dia 8, quando o Estado diminuiu a restrição do comércio e permitiu a reabertura de praticamente todos os setores da economia. Em Santo André, a quantidade de internados na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) subiu de 149 para 168 até segunda-feira, alta de 12,7%, enquanto em São Bernardo o aumento foi de 10,9%, passando de 128 acamados para 142. Mas o que chama atenção é o caso de São Caetano, que tem 22 pessoas internadas em UTI, alta de 29,4% em relação ao dia 9, o que faz a secretária municipal de Saúde, Regina Maura Zetone, projetar uma terceira onda da doença, opinião compartilhada pelo chefe da pasta de Santo André, Marcio Chaves.

No geral, somando as sete cidades, o acréscimo é de 6,2% no número de internados nas UTIs, dado que foi puxado para baixo por Diadema e Mauá, que registraram, na segunda-feira, menos pacientes acamados que dia 9 – veja os números na arte ao lado. As informações são da SP Covid Info Tracker, plataforma gerida por pesquisadores da Unesp (Universidade Estadual Paulista), da USP (Universidade de São Paulo) e do Cemeai (Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria), que usa dados do governo do Estado.

A alta em São Caetano preocupa Regina Maura, que espera situação ainda pior nos próximos dias. “Também estamos vendo alta no setor privado (leia ao lado). A tendência é que subam casos, mortes e internações daqui a dez dias, muito provavelmente teremos terceira onda no fim do mês”, disse a secretaria, que explica o aumento. “São Caetano está recebendo pacientes por meio da Cross (Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde) do governo do Estado. Mas, mesmo assim, estamos percebendo aumento nos indicadores”, acrescentou.

A razão, segundo Regina Maura, é a soma da lentidão da vacinação e a falta de responsabilidade da população. “As pessoas precisam entender que não voltamos ao normal. Isso só vai ocorrer quando a vacinação aumentar”, comentou a secretária, que aposta em terceira onda mais leve. “Acredito que as cidades estejam mais preparadas, não acho que entrem em colapso, mas temos que ficar atentos.”

Em Santo André, o secretário Marcio Chaves acredita que o resultado da flexibilização será sentido nos próximos dias. “A curva ainda é muito pequena das internações, mas temos visto aumentar o número de infectados. A terceira onda é inevitável porque, para evitar, precisaríamos vacinar a população em velocidade maior do que a atual e aumentar o isolamento. Isso somado às novas variantes que estão circulando já nos prepara para um novo pico”, comentou.

A opinião da secretária é compartilhada pela epidemiologista e professora do curso de medicina da USCS (Universidade Municipal de São Caetano) Sônia Regina Pereira de Souza. A especialista cita que o aumento não é exclusivo da região e é causado pela chegada de variantes. “Ainda não dá para fazer avaliação porque é alta recente, em duas ou três semanas podemos ter tendência de alta. Mas o Grande ABC acompanha o que ocorre no Estado. A nova onda é esperada em razão das novas cepas do vírus que estão circulando, elas se mostram mais transmissíveis, como a indiana, por exemplo, e que reinfecta quem foi já contaminado, causando aumento nos indicadores”, explicou a especialista.

OCUPAÇÃO
Apesar do aumento, a situação dos hospitais é confortável. Em São Caetano, por exemplo, na segunda-feira 22,5% dos leitos UTI estavam ocupados. Em Santo André a Prefeitura inclui também as vagas na rede privada, mas mesmo assim não passa de 60% de ocupação. A situação mais complicada é de São Bernardo, com 71% dos leitos de emergência vagos.

Ocupação de leitos na rede privada chega a 80%

A taxa de ocupação dos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) para Covid cresceu 7,5% desde o fim de abril na rede hospitalar privada do Estado. Pesquisa do SindHosp (Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios), realizada entre 11 e 17 de maio, mostrou que 85% dos hospitais já têm ocupação superior a 80%. O levantamento mostrou que, entre os mais lotados, 39% possuem ocupação entre 91% e 100%, enquanto 46% oscilam entre 81% e 90%.

Para o presidente do SindHosp, o médico Francisco Balestrin, o aumento preocupa, pois pode indicar tendência de alta nos casos de Covid. “Também nos preocupa o ritmo lento das vacinações e a falta de vacinas, o que obriga a rede de saúde a ficar alerta para atender novos casos”, disse.

A pesquisa, que ouviu representantes de 90 hospitais privados do Estado, responsáveis por 8.713 leitos clínicos e 4.091 leitos de UTI espalhado por São Paulo, mostrou que a falta de oxigênio e kit de entubação não está totalmente superada. Em 58% dos centros médicos, o estoque de kit entubação é suficiente para até 15 dias. Destes, 24% têm estoque só para dez dias e 6%, para até uma semana. Segundo o sindicato, a reposição é feita lentamente pela indústria e parte dos hospitais já importa os medicamentos. Apenas 30% têm estoque para mais de um mês.

Quanto ao oxigênio, em 51% dos locais pesquisados o estoque dá para 15 dias, mas 14% têm oxigênio para no máximo dez dias. Os hospitais que participaram do levantamento apontaram aumento no preço dos medicamentos, sendo que 31% informaram alta de até 100%, enquanto 26%, acréscimos ainda maiores. A pandemia levou 63% dos hospitais a cancelarem cirurgias eletivas (não urgentes). O percentual é o mesmo de hospitais que afastaram colaboradores por problemas de saúde. Em 53%, o número de pacientes superou a capacidade de atendimento, em 38% faltaram profissionais de saúde e em 34% houve falta de médicos. (do Estadão Conteúdo) 




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