Política Titulo Mudança de casa
Rodrigo Garcia ingressa no PSDB e mexe no tucanato e na região

Vice-governador de S.Paulo se filia hoje ao partido e tensiona debate interno sobre sucessão de Doria, que mira Planalto

Júnior Carvalho
Fábio Martins
Do Diário do Grande ABC
14/05/2021 | 00:05
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André Henriques/ DGABC


O vice-governador Rodrigo Garcia (ex-DEM) se filia hoje ao PSDB e a avaliação de lideranças do tucanato da região é a de que a chegada do ex-democrata tende a tensionar o debate sobre a escolha de quem será o candidato à sucessão do governador João Doria (PSDB), que mira ser presidenciável no ano que vem.

Embora não seja externada oficialmente, a ida de Garcia ao tucanato visa abrigar a candidatura do hoje vice-governador ao Palácio dos Bandeirantes. Com o projeto federal de Doria, Garcia herdaria o governo paulista até abril do ano que vem e mantém o tucanato no cargo que reveza há mais de duas décadas. No páreo, porém, há outros nomes mais antigos no partido e oriundos do Grande ABC.

Nessa corrida, aparecem o prefeito Orlando Morando (São Bernardo), o secretário estadual e presidente do PSDB paulista, Marco Vinholi (Desenvolvimento Regional), e o ex-governador tucano Geraldo Alckmin, ainda que aliados próximos ao ex-governador defendam sua candidatura por outra legenda e correligionários citem seu nome como candidato ao Senado ou à Câmara Federal. O nome do prefeito Paulo Serra (Santo André) também passou a ser citado depois da acachapante vitória pela reeleição, com 76,88% dos votos no primeiro turno.

Integrante do diretório estadual do PSDB e ex-coordenador do partido no Grande ABC, Márcio Canuto elogiou a filiação de Garcia, mas reconheceu que temperatura no ninho tucano tende a esquentar. “A vinda do Rodrigo é boa para o partido. Ele é um cara que tem bagagem, uma liderança forte, tem história, foi deputado, secretário do Geraldo (Alckmin) e hoje é vice-governador. O problema do PSDB é esse. A cada eleição aparecem vários candidatos e, querendo ou não, vamos ter de debater”, avaliou o tucano.

Paulo Serra, por sua vez, evitou falar sobre o pleito do ano que vem, mas defendeu unidade do partido. “O Rodrigo é grande quadro político e de gestão. Carrega grande história, como deputado, de gestão, na condição de secretário, inclusive, nos governos do PSDB. É grande quadro para o partido. Mas tem muitas condicionantes para definição eleitoral. Considero muito cedo para cravar qualquer tipo de posicionamento eleitoral.”, disse. “Não sei se (a filiação de Rodrigo) prejudica ou soma . É cedo para afirmar. São muitas alternativas a serem discutidas. Momento é de união, somatória. Até pelo perfil do Rodrigo acredito que essa seja a intenção dele, mesmo se afunilar o processo. Da minha parte, vou pregar unidade do partido, uma vez que podemos ter boas figuras dialogando projeto significativo de governo ao Estado, independentemente de nomes”, avisou.

Presidente da Câmara de São Caetano, Pio Mielo (PSDB) diz que Rodrigo é “grande nome que vem claramente para disputar a candidatura ao governo paulista”. “Penso que (a filiação de Garcia) causará algumas emoções na região. É claro que mexe no xadrez político. O Grande ABC, assim como nas outras regiões, tem forte presença tucana. Até o ano passado, três prefeitos eram do PSDB”, frisou Pio. Mais votado para prefeito na cidade, José Auricchio Júnior (PSDB) está com a reeleição sub judice.

Disputas internas marcaram a participação do PSDB nas duas últimas eleições federal e municipal. Em 2018, enquanto Alckmin patinava na disputa pelo Palácio do Planalto, tucanos levantavam a bandeira pela candidatura de Doria, então prefeito da Capital, à Presidência. Dois anos antes, o processo que culminou com a escolha do hoje governador como prefeiturável paulistano também registrou queda de braço entre aliados de Doria e do então vereador Andrea Matarazzo (hoje no PSD), que desistiu de disputar prévias e se desfiliou do tucanato. 




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