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Ceia será modesta nos lares da região

Pesquisa mostra que consumidor está disposto a gastar menos na comparação com 2019

Por Yara Ferraz
do Diário do Grande ABC
17/12/2020 | 00:02
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Denis Maciel/DGABC


Neste ano, a ceia de Natal dos moradores da região será afetada pelos impactos econômicos causados pela pandemia de Covid-19. A média de gastos com os alimentos para a tradicional comemoração, que será mais enxuta e tende a reunir menos pessoas, deve ficar na média de R$ 392. O valor representa queda real – descontando a inflação de 4,31% acumulada nos últimos 12 meses – de 11,6% em relação ao ano passado, quando chegou a R$ 425.

Os números são da PIC (Pesquisa de Intenção de Compra), da Universidade Metodista de São Paulo, e foram divulgados ontem. No trabalho de campo feito pela instituição, foram mais de 300 questionários validados na região.

Além do gasto médio, há outros dados que mostram a queda no poder de compra da população do Grande ABC. Neste ano, apenas 12,1% dos entrevistados pretendem investir mais de R$ 500 na compra dos itens da ceia. No ano passado, eram 22%, ou seja, uma queda de aproximadamente 10 pontos percentuais.

Nas demais faixas (veja mais na arte abaixo) houve acréscimo de consumidores, inclusive nos que pretendem gastar até R$ 100 – de 9% para 11,2%.

Outra mudança observada na região é o local onde as pessoas vão passar os festejos natalinos. Em 2019, a maioria escolheu a casa de familiares (52%). Neste ano, a fim de evitar aglomerações, 61,3% vão ficar em casa.

De acordo com o coordenador de estudos do Observatório Econômico da Metodista, Sandro Maskio, a pandemia afetou bastante as escolhas. “A opção por ficar em casa, por exemplo, demonstra que teremos comemorações menores, com poucas pessoas, o que tende a afetar o tamanho da ceia. Também não podemos nos esquecer do momento ruim que estamos no mercado de trabalho, com queda no fluxo de renda e desemprego muito elevado, o que é muito ruim para o comércio. É muito difícil pontuar o quanto cada fator deve interferir, mas também precisamos considerar o valor do auxilio emergencial, que foi reduzido de R$ 600 para R$ 300”, afirmou.

Outra questão pontuada pelo especialista é a disparada nos preços de alimentos. Itens básicos como o arroz, feijão, carne, leite e ovos registraram aumentos expressivos durante este ano, impulsionados principalmente pelo aumento do dólar. Na região, dados da Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André) de novembro, mostram que a cesta básica encareceu R$ 225,55 em 12 meses. Levantamento do Ibre/FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas) mostrou que no País os alimentos para a ceia de Natal estão 15% mais caros neste ano. “Por isso, existe uma tendência por fazer opções com custos menores. Pode ser que a ave natalina (que ainda representa a maior parte da composição da ceia) não seja um peru, mas um galeto, por exemplo. Frutas tradicionais como ameixas e pêssegos, também podem ser trocadas pelo melão”, disse Maskio.

A dona de casa Janice Ramos de Miranda, 51 anos, mora da Vila Helena é uma das que vão adaptar o cardápio. “A gente sempre faz um churrasco com a família toda, o que não vamos fazer por causa da pandemia. Comprávamos quatro quilos de carne, este ano serão dois, porque vai ser uma refeição mais simples. As frutas também estão muito caras, então vou optar por aquelas que estão na época”, afirmou. 




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