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Aula grátis de vida, fé e gratidão
Dérek Bittencourt
Do Diário do Grande ABC
01/12/2020 | 00:01
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“E aí, milagrão?!” Foi desta maneira que a preparadora física e ex-jogadora do time feminino de basquete de Santo André, Luciane Moscaleski, se referiu à pivô Simone Lima após a entrevista de quase uma hora que a jogadora concedeu a mim na semana passada, no ginásio do parque Celso Daniel. E não poderia ter utilizado melhor palavra para se referir à amiga. O resultado do bate-papo está na reportagem veiculada ontem, no Diário, mas o fato é que, mais do que responder às perguntas, a camisa 14 deu uma aula de vida, fé e gratidão. Afinal, está em fase final de quimioterapia para combater um câncer de ovário, superou a Covid-19, uma trombose, complicações no intestino, enfim, diversas batalhas, que puderam ser vencidas – entre outros motivos – pelo fato de ela ser atleta. O ímpeto em ultrapassar estes adversários foi fundamental e teve a ajuda imprescindível das colegas de time, como também da comissão técnica da equipe, justamente um ano após as andreenses perderem a lendária e inesquecível técnica Laís Elena para um câncer.

Ariadna, Ega, Jaqueline, a treinadora Arilza Coraça, a própria Luciane... Enfim, todo o plantel mais os integrantes do corpo técnico estenderam a mão, ajudaram e se mobilizaram em oração nas fases mais críticas, quando Simone esteve por três vezes internada na UTI. Mas a melhor das mobilizações foi justamente para receber a jogadora de volta. “Parecia que eu tinha ganhado o título de campeã do mundo tamanha a felicidade”, compara a pivô, relembrando o reencontro com sua família do basquete. Aliás, não tenho dúvida que esse foi um dos maiores legados de Laís Elena à equipe andreense, esse ambiente familiar. Nada mais justo do que ser mantido. Inclusive, após o treino do dia da entrevista, o time seguiu para tomar um açaí perto dali.

Algumas das falas de Simone serviram a mim como verdadeiras lições. “Depois daquilo você começa a dar valor para cada detalhe: sentir o vento no rosto, o calor do sol, ver o céu. O que está esperando para viver? Para ter tempo para você?”, questionou, coberta de razão, a jogadora, que planeja como passar adiante todos os aprendizados adquiridos nessas idas e vindas a hospitais, clínicas e tratamentos. E apesar de se dizer tímida, posso dizer: tem o dom da oratória. “Mulher é muito vaidosa com o corpo e sempre gostei de ter muito músculo. Mas quando saí do hospital, eu apenas pensava: só quero ter saúde. Se tiver barriguinha ou perna um pouco mole, só quero estar livre desse mal”, contou. “As pessoas durante a pandemia dizendo ‘não vejo a hora de poder ir para o barzinho, tomar uma cerveja e curtir um pagode’, enquanto eu pensava ‘só quero ficar em pé, respirar direito, estar fora dali (hospital)’. Quero passar isso de alguma maneira para as meninas (do Santo André) e para outras mulheres nessa situação”, comprometeu-se.

A minha última colocação para Simone antes de encerrar a entrevista foi: “Um dia por vez?”. Eis a resposta: “Um dia, uma hora, um minuto por vez. Tem de viver. E a cada momento buscar felicidade”. Sábias palavras da jogadora, que ainda deseja voltar a vestir e jogar com a camisa andreense. Acredito que todo o time, comissão e torcida queiram o mesmo. Inclusive eu!

QUE SUSTO!
Foi absolutamente impressionante assistir ao acidente do francês Romain Grosjean, da Haas, durante o GP do Bahrein de Fórmula 1, domingo. Após toque em Pierre Gasly, o carro escapou de lado e se chocou em grande velocidade contra o guard-rail, que não suportou a batida e se rompeu. O bólido da escuderia norte-americana não só ultrapassou aquela proteção que deveria justamente impedir esta situação como partiu ao meio e explodiu. Durante 28 segundos o piloto ficou em meio àquela bola de fogo, até conseguir sair do carro e ser prontamente atendido pela equipe de resgate. Alguns pontos a serem considerados. Positivamente: a segurança do halo, que protegeu a cabeça de Grosejan quando este colidiu e atravessou a barreira; a rapidez com que agiram os fiscais de pista, equipe médica e demais socorristas; a proteção antichamas das vestimentas dos pilotos (exceção feita às luvas, que acabaram permitindo queimaduras nas mãos do francês); e a célula de sobrevivência do carro. Negativamente: a fragilidade do guard-rail do circiuto de Sakhir.

Um acidente como este nos faz remeter às fatalidades mais recentes na categoria, tanto Jules Bianchi, que teria sido salvo com a presença do halo, quanto Ayrton Senna e Roland Ratzenberger, vítimas de um carro que se desmanchava e soltava muitas partes. Ao menos as mortes do trio não foram em vão e ajudaram na melhoria da segurança para os competidores da F-1, como provou o acidente de Grosjean, que deverá ter alta ainda hoje no Bahrein.

E como o francês passará por período de recuperação, a Haas anunciou Pietro Fittipaldi como substituto para mais uma corrida em solo barenita, no mesmo autódromo de Sakhir, mas utilizando a pista externa (como se fosse um oval). Ele, que é piloto de testes e já participa do desenvolvimento do carro desde 2018. É a volta do Brasil ao grid após três anos (o 32º brasileiro a alcançar esta condição) e ainda faz história ao ser o quarto integrante da família Fittipaldi a competir na Fórmula 1, depois do avô, Emerson, do tio-avô Wilsinho e do tio Christian. Ansioso para ver como será. Grande feito ao clã, que tem origem em Santo André, onde em 1920 nasceu o bisavô do mais novo titular da F-1, Wilsão, o Barão – como era conhecido. 




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