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Paixão à moda antiga

Máquina de escrever faz parte da vida de Paride Pellicciotta, italiano que mora em Santo André desde 1957

Por Vinicius Castelli
Do Diário do Grande ABC
06/09/2020 | 00:14
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André Henriques/DGABC


Mensagens, fotos, documentos e cartas que chegam do outro lado do planeta com apenas um clique. No mundo de hoje, a vida voa e tudo fica guardado de maneira digital. Mas na casa de Paride Pellicciotta, 71 anos, morador da Vila Homero Thon, em Santo André, uma tradição em especial ainda é mantida: a boa e velha máquina de escrever.

Contabilista formado em administração de empresas, ele começou a trabalhar na adolescência, aos 16, como auxiliar de escritório. Depois cuidou da empresa que era de seu pai, Armando, uma serralheria. E a máquina de escrever, que sempre fazia parte de seus dias, nunca mais saiu da sua vida. E assim segue, há 55 anos.

“Usava para fazer guias e folhas de pagamento. Sempre datilografei”, lembra. Pellicciotta tem em sua casa um modelo portátil da marca Olivetti. Já teve diversos outros ao longo dos anos, mas este mantém há cerca de uma década. Usa para escrever cartas que manda ao Diário, para a seção Palavra do Leitor. Gosta de tratar de assuntos diversos. “Mando já faz 18 anos”, diz. E depois de publicadas, recorta o impresso e guarda tudo.

Pellicciotta é leitor do jornal desde quando ainda se chamava News Seller, em 1958. “Todo dia vou até a banca comprar meu exemplar e aproveito para papear com o jornaleiro”, conta.

Italiano de Castel Frentano, radicado em Santo André desde 1957, Pellicciotta deixou o país de nascimento em 1955 com a família por causa das dificuldades que a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) deixou. Hoje em dia ele usa sua Olivetti para ensinar sua língua mãe para os brasileiros. “Também traduzo documentos e cartas. Datilografo receitas. Eventualmente mando cartas para as pessoas também”, explica.

O contabilista destaca que sempre gostou do ato da escrita e que o pratica muito. “Na escola a gente lia e escrevia bastante”, recorda. E, agora, na pandemia, como está em casa a maior parte do tempo, ele usa para ocupar a cabeça. “Estou rascunhando um livro sobre minha chegada a Santo André. Vai se chamar Santo André – Dezembro de 1957”, diz. Será sobre suas experiências na cidade e o crescimento dela. “Vou falar do (extinto) Cinema Tamoio, do News Seller, do Corinthinha (referindo-se ao Corinthians FC, de Santo André)”, adianta.   

Mas o fato de Pellicciotta ter este apreço pela máquina de escrever não quer dizer que seja contra a tecnologia. Tanto que usa serviço de streaming (para manter aquivos digitais em servidores da internet) e tem celular. “Sou um pouco atrapalhado com essas coisas, mas dá para conviver com tudo”, garante.

Apesar disso, a moda antiga é a que chama sua atenção. Sua irmã, Solange, que nasceu em Santo André e mora na Itália, manda sempre via WhatsApp notícias do país natal de Pellicciotta e outras curiosidades. “Datilografo tudo e faço uma pasta para guardar essas coisas”, comenta. “A máquina de escrever é prática e acaba sendo um prazer”, encerra. 




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