Setecidades Titulo São 11.159 aparelhos
Região pode ter deficit de respiradores

Especialistas projetam que Grande ABC necessite de até 11 mil equipamentos para casos graves

Por Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
07/04/2020 | 00:01
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O Grande ABC pode precisar de 11.159 respiradores para atender pacientes contaminados pelo novo coronavírus e que desenvolvam sintomas severos da doença. No entanto, até fevereiro deste ano, de acordo com o Datasus, banco de dados do Ministério da Saúde, a região contava com apenas 1.240 equipamentos em uso. A projeção da demanda é feita por especialistas da área de infectologia, com base na população das sete cidades da região e o número de respiradores inclui equipamentos dos sistemas públicos e privados.

Os respiradores e/ou ventiladores são utilizados em pacientes com insuficiência respiratória e em estado mais grave. O equipamento proporciona oxigenação do sangue de uma forma mecânica, para dar maior capacidade de recuperação aos enfermos.

O professor de infectologia da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC) Juvencio Duailibe Furtado explica que calcula-se que 20% das pessoas que se contaminarem apresentarão sintomas da doença. Deste total, de 1% a 2% terão complicações e vão demandar internação em UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e uso de ventilador e/ou respiradores.

Segundo o dado mais recente disponibilizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o Grande ABC tem 2.789.871 moradores. Se 20% das pessoas se contaminarem e apresentarem sintomas da doença, serão 557.974 pacientes. Um contingente de 11.159 munícipes corresponde a 2% dessa população. “É importante lembrar que esse dado é uma inferência epidemiológica, não se trata de um número preciso”, destaca Furtado.

O docente afirma que estas projeções são feitas baseadas nas experiências de outros países que enfrentam a pandemia há mais tempo do que o Brasil, como França e Itália. “Precisamos lembrar que a doença chegou aqui ainda no verão, com um clima mais quente do que na Europa, e que tudo isso tem alguma influência”, cita.
O clínico geral Roberto Debski pondera que o Brasil está se preparando para enfrentar a pandemia em seu pior cenário, com a criação de leitos e hospitais para atender aos pacientes, mas que a situação pode não ser tão grave se as medidas de isolamento social forem seguidas. “Existem protocolos sendo testados, uso de medicamentos, cidades que estão conseguindo otimizar os respiradores para serem utilizados por mais de uma pessoa, uma série de medidas que podem nos ajudar a não chegar ao pior cenário”, pontua. “É importante estamos preparados, mas tomara que tudo isso não seja necessário.”

Professora responsável pela disciplina de saúde coletiva da FMABC, Vânia Barbosa do Nascimento destaca que o movimento de compra, conserto e aluguel de respiradores é constante entre as administrações municipais. “O governo federal está fazendo uma importação grande e os municípios também estão atualizando (seus equipamentos), porque é bastante dinâmico”, pontua.
 




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