Economia Titulo Ibovespa
Empresas da região têm perda de R$ 4,5 bi na bolsa

Ações das firmas tiveram redução de quase 30%, caso da CVC Corp; Ibovespa tem pior resultado desde 1998

Yara Ferraz
do Diário do Grande ABC
13/03/2020 | 00:00
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O Ibovespa, índice oficial da bolsa de valores do País, despencou ontem 14,78% por causa dos efeitos do novo coronavírus, principalmente repercutindo anúncio do presidente norte-americano, Donald Trump, que proibiu voos da Europa com destino ao país. Especialistas classificaram que o dia, que teve dois circuit breakers (pausa nas negociações), foi uma “tragédia” para o mercado financeiro. As cinco empresas com sede no Grande ABC que possuem capital aberto perderam em valor de mercado cerca de R$ 4,5 bilhões em apenas um dia.

De acordo com informações da B3 calculadas pelo Diário, o capital de mercado de todas as empresas teve redução no período de apenas um dia (veja mais na arte ao lado). No preço das ações, a maior queda aconteceu na CVC Corp, com redução de 29,11%, e o valor dos papéis, fechado a R$ 13,64. A empresa de turismo, sediada em Santo André, foi a quarta que sofreu a maior desvalorização dentre todas as listadas na bolsa – o valor estimado de mercado da companhia caiu de R$ 2,87 bilhões para R$ 2,04 bilhões.

Além dos impactos da disseminação do vírus, que atrapalham diretamente o setor de turismo, a CVC passa por diversos problemas desde fevereiro, quando sinalizou “indícios de erros” nos últimos quatro exercícios da companhia. No início de fevereiro, os papéis valiam R$ 36,66, ou seja, houve uma desvalorização de 62,7%.

“Somente no mês de março, a empresa amarga desvalorização de 45,94%. É situação complicada, porque já tinha os erros contábeis, somados ao setor que já estava ruim, mais o dólar e o coronavírus”, afirmou o economista e head de renda variável da Messem Investimentos Gustavo Bertotti.

Nesta semana, a empresa também anunciou aos acionistas um empréstimo de US$ 90 milhões com o Citibank. De acordo com a companhia, a instituição financeira aprovou o refinanciamento de dívida contraída em 1º de novembro de 2019 para a aquisição da Almundo. A CVC também destacou que tem “saúde financeira sólida e continuará com os planos de investimento e as operações normalmente”.

Além da CVC, as demais empresas da região com capital na bolsa tiveram perdas. As ações da são-caetanense Via Varejo contabilizaram redução de 22,73% (cotadas a R$ 8,50) e as da Tegma Gestão Logística, com sede em São Bernardo, caíram 20,37% (R$ 20,21). Os papéis da Gafisa, empresa do setor imobiliário localizada em São Caetano, aprontaram retração de 18,20% (R$ 4,27) e as da Bombril, em São Bernardo, 7,74% (R$ 1,55).
“As empresas que já vinham com problemas terão desafios ainda maiores de governança e boa gestão porque estão mais fragilizadas que as demais”, explicou o coordenador do curso de administração do Instituto Mauá de Tecnologia, Ricardo Balistiero.

Para Bertotti, o principal impacto para o Grande ABC é a queda na confiança do investidor. “Tudo isso impacta nas expectativas de investimentos, como a redução da estimativa do PIB (Produto Interno Bruto, de 2,4% para 2,1%). A confiança do empresário já tinha caído em fevereiro para novos investimentos e, neste mês, deve ter redução ainda maior.”

PERDAS
Foi a maior perda diária na Ibovespa desde setembro de 1998, em meio à crise financeira na Rússia (-15,83%). O nível de fechamento, que terminou em 72.582,53 pontos, foi o menor desde 28 de junho de 2018, quando foi encerrado aos 71.766,53. A queda representou perda de R$ 489,2 bilhões no valor de mercado das empresas, segundo a Economática. No ano, as companhias perderam R$ 1,5 trilhão.

Aéreas fazem mudanças em viagens

Por causa da rápida disseminação do novo coronavírus, as empresas aéreas anunciaram mudanças. Ontem, a Latam comunicou redução de 30% no número de voos internacionais devido a baixa demanda e restrições de viagens impostas por alguns governos. O consumidor deve ficar atento aos direitos na hora de remarcar ou cancelar a viagem.

De acordo com a empresa. por enquanto, a medida será aplicada “principalmente para voos da América do Sul à Europa e aos Estados Unidos, entre 1º de abril e 30 de maio. A companhia irá oferecer flexibilidade aos seus passageiros para reagendarem seus voos sem cobrança de multa. “Mais informações sobre a decisão serão comunicadas oportunamente”, informou em nota, destacando que todos os voos domésticos mantêm a programação.

Apesar de não confirmar, a Azul também deve cancelar média de 30% dos voos internacionais. A Gol afirmou que até o momento não há recomendação para evitar os destinos operados no Brasil, nos Estados Unidos ou nos países da América do Sul e América Central. “Nossa programação de voos passará por ajustes que visam garantir o equilíbrio entre o novo cenário de demanda e a qualidade e amplitude da nossa malha aérea”, disse, por meio de nota.

“Essa é uma situação muito excepcional, chamada de emergência de saúde pública. No caso da Itália, por exemplo, é mais sério ainda, porque há medidas das autoridades locais para que as pessoas não entrem ou saiam do país. Portanto, tanto uma empresa aérea pode cancelar seus voos para a Itália quanto o passageiro pode desistir dessa viagem”, disse o diretor de relações institucionais e mídia da Proteste, Henrique Lian .

Questionada, a Infraero afirmou que a disponibilidade de álcool em gel, sabonete líquido e papel toalha nos terminais está sendo monitorada.

INSS vai liberar a aposentados a primeira parcela do 13º já em abril

Sob pressão diante do avanço da pandemia do novo coronavírus no Brasil, o governo começou a organizar uma reação para evitar quebradeira das empresas por conta da crise e anunciou, ontem, a liberação de R$ 28 bilhões para dar fôlego à economia.

Haverá a antecipação da primeira parcela do 13º aos segurados do INSS em abril, o equivalente a R$ 23 bilhões. O ministério também vai propor ao Conselho Nacional de Previdência Social a redução do limite de taxa de juros para empréstimos consignados em folha de pagamento dos beneficiários do INSS.

Em outra frente, uma proposta será enviada ao Congresso para ampliar a margem do salário que pode ser comprometida com a parcela do financiamento. Hoje essa margem é de 30% em caso de empréstimo e 5% para cartão de crédito. O prazo de pagamento também deve aumentar, mas o secretário não detalhou os novos parâmetros.

O secretário especial de Fazenda, Waldery Rodrigues, admitiu que o grupo estuda uma nova liberação imediata de parte do FGTS para os trabalhadores. No ano passado, os cotistas puderam retirar R$ 500 de cada uma de suas contas – ou até um salário mínimo caso o saldo estivesse dentro desse valor. Rodrigues não disse qual valor poderá ser liberado, mas garantiu que a diretriz é preservar a sustentabilidade do FGTS, que serve de fonte de financiamento para crédito imobiliário.

Além dos R$ 23 bilhões do 13º do INSS, houve acordo para a liberação de R$ 5 bilhões para ações na área de saúde. Uma reunião para discutir a ajuda aos Estados e municípios também nessa área será realizada. Do estadão Conteúdo
 




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