Cerca de 50 pessoas, incluindo comandantes leais ao chefe de guerra Gulbuddin Hekmatyar, foram detidas pelos serviços de informação afegãos depois de circularem notícias sobre uma conspiração contra o Governo, anunciaram esta quinta-feira os meios de comunicação oficiais. "Esses indivíduos tentavam criar um clima ilegal, segundo as informações que recebemos do Governo interino", declarou Sultan Ahmad Baheen, chefe da agência oficial Bakhtar.

"Entre os detidos, não há comandantes de primeiro nível. Uns 25 estão sendo interrogados. Os outros foram liberados", informou o diretor de Bakhtar. "Segundo nossas informações, comandantes de distrito do Hezb-e-Islami estão entre os detidos", disse.

Ao ser interrogado sobre a presença no grupo do ex-chefe dos serviços de inteligência de Hekmatyar, Sultan Ahmd Baheen respondeu que "segundo as informações que nos foram passadas pela administração interina, Wahidullah Sabaoon não está entre os detidos".

Sabaoon era o chefe dos serviços de inteligência de Hekmatyar, segundo o chefe de Bakhtar, e havia desertado do Hezb-e-Islami para integrar-se à Aliança do Norte. Foi nomeado ministro de Finanças da Aliança antes da instalação de um governo interino, no dia 22 de dezembro passado, no qual não teve nenhum cargo.

Uma fonte do Ministério da Defesa havia informado na terça-feira que homens de Hekmatyar, um dos resistentes à invasão soviética do Afeganistão, tinham sido detidos por "atividades de sabotagem contra o Governo".

"Alguns homens de Hekmatyar foram enviados a Cabul para sabotar o Governo", havia declarado Mir Jan, responsável pelas relações com o estrangeiro no Ministério da Defesa.

A Força Internacional de Assistência à Segurança (Isaf) anunciou ter sido informada pelas autoridades afegãs de umas 300 detenções, entre as quais uma dezena na noite passada, mas não sabia se esses homens continuavam detidos ou se tinham sido liberados.

Gulbuddin Hekmatyar, Bashir Baghlani, Juma Khan Hamdard e Sabaoon são pashtuns, enquanto a maioria dos membros do Ministério da Defesa e dos serviços de inteligência são tadjiques do Jamiat-e-Islami, o partido do ex-presidente Burhanuddin Rabbani.

O Jamiat-e-Islami e o Hezb-e-Islami eram duas fações de mujahedines afegãos que combateram as tropas soviéticas entre 1979 e 1989 e que se enfrentaram no início dos anos 90, destruindo parcialmente Kabul.

As duas facções foram expulsas de Kabul com a chegada da milícia islâmica Talibã em setembro de 1996.