Setecidades Titulo Ensino superior
Aluna e filho são hostilizados por professora da UFABC

Estudante foi retirada de grupo de trabalho pela docente por estar com o filho de 4 anos

Por Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
25/10/2019 | 07:00
Compartilhar notícia
Arquivo pessoal


A estudante do bacharelado de ciências e humanidades da UFABC (Universidade Federal do ABC) Nathália Gastaldo, 26 anos, denunciou ter sido hostilizada e removida de um grupo de trabalho por uma professora da instituição, no início do mês de outubro, durante a aula de bases epistemológicas da ciência moderna, no campus São Bernardo. A jovem, que mora em São Caetano, não tinha com quem deixar o filho Abel, 4, e o levou para a aula. Segundo seu relato, desde que entrou na sala, ela e a criança foram hostilizadas pela docente, com perguntas sobre por que não havia alguém que pudesse ficar com seu filho e pedidos de que prometesse que isso não mais ocorreria. “Me senti constrangida”, relembrou a aluna.

Ao longo da aula, a professora teria se recusado a inclui-la em algum grupo para apresentação de seminário, mas Nathália foi convidada por outros estudantes e prosseguiu com o trabalho, que incluiu planejamento para a atividade proposta. No dia seguinte, no entanto, a professora avisou aos integrantes do grupo que a aluna não estava autorizada a participar do seminário. Os estudantes mostraram o texto para a jovem. “Mandei e-mail para a professora, mas ela não me respondeu, então enviei uma mensagem para a ouvidoria. Ocasionalmente levo meu filho para aula e já ouvi coisas desagradáveis, mas nunca com tanta agressividade.” 

Integrante do Coletivo Mães e Pais e diretora de mulheres do DCE (Diretório Central dos Estudantes) da UFABC, Allana Mattos afirmou que, em 2017, cerca de 7,1% dos 13 mil alunos da instituição tinham filhos. Deste total, 2,1% eram mães e 5%, pais. “A gente vê um aumento crescente no número de mães e, basicamente, o perfil é de mulheres negras e/ou em situação de vulnerabilidade. A universidade precisa acolher todas as pessoas, inclusive os filhos dos alunos”, destacou.

Allana explicou que desde que foi criado o coletivo, em 2017, são muitos os relatos de pais e mães hostilizados por professores e funcionários, mas que foi a primeira vez em que houve atitude que comprometesse o desempenho acadêmico de algum aluno. “Desde o início alertamos sobre a necessidade de uma política institucional de acolhimento e, agora, cobramos medidas efetivas, como a conclusão das obras de sala de descanso.”

Em nota, a universidade afirmou que, assim que soube do episódio, acolheu a aluna, por meio das pró-reitorias de graduação e de assuntos comunitários e políticas afirmativas. A UFABC atendeu pedido da estudante para que ela possa cursar a disciplina em outra turma e a orientou que apresentasse queixa aos órgãos de controle da instituição.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;