Política Titulo Mudança de projeto
Vem ABC contesta versão do Estado sobre Linha 18

Consórcio critica BRT e afirma que, para atender demanda, serão necessários 2 ônibus por minuto

Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
27/07/2019 | 07:00
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André Henriques/DGABC


O Consórcio Vem ABC protocolou junto ao governo do Estado documento no qual contesta os argumentos da gestão do governador João Doria (PSDB) para trocar o modal da Linha 18-Bronze, que atende ao Grande ABC. O ramal seria por monotrilho, mas o sistema adotado será o BRT (sistema de ônibus de alta velocidade, na sigla em inglês). O grupo questionou a capacidade do BRT dizendo que a projeção dada pelo Palácio dos Bandeirantes indicaria que, por minuto, seriam necessários dois ônibus para transportar os passageiros esperados.

Formado pelas empresas Primav, Cowan, Encalso e Benito Roggio, o bloco havia vencido a licitação em 2014 para construir a linha. O custo do contrato era de R$ 4,26 bilhões, via PPP (Parceria Público-Privada), com expectativa de conclusão em 2018. A obra empacou ainda na fase de desapropriação e nunca saiu do papel.

Assinado pelo presidente do Consórcio, José Maciel Duarte de Paiva, o documento rebate as declarações dadas no dia 3 por Doria e pelo secretário dos Transportes Metropolitanos do Estado, Alexandre Baldy. Entre as justificativas, o governo destacou que o BRT poderia transportar até 340 mil passageiros por dia, o que, nas contas das empresas, significa deslocar 40 mil pessoas por hora e sentido.

“Apresenta-se execução praticamente impossível. Para se proporcionar essa capacidade de atendimento, seriam necessários 2,2 ônibus a cada minuto, o que é inviável, considerando-se os tempos necessários de parada nos terminais e a circunstância de trafegar em vias inseridas em regiões de tráfego urbano intenso”, diz a peça.

Outra ponderação feita pelo consórcio é com relação ao preço. Quando anunciou a mudança do modal, Doria justificou que construir a Linha 18-Bronze com monotrilho demandaria investimento na ordem de R$ 6 bilhões. A quantia foi veementemente contestada pelo bloco.

“Na realidade, a parte que cabe ao Estado de São Paulo não supera os R$ 2,8 bilhões, já atualizados, mais os custos das desapropriações de imóveis privados”, aponta.

No novo pacote de mobilidade, o Palácio dos Bandeirantes prometeu – além de trocar o modal da Linha 18-Bronze – modernizar os trens que servem à Linha 10-Turquesa (Brás-Rio Grande da Serra) da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) e resgatar estudos para a Linha 20-Rosa (Lapa-Rudge Ramos), do Metrô. As empresas disseram que o anúncio da Linha 20-Rosa “nos intriga sobremaneira, pois se o argumento principal é o custo de implantação do monotrilho, como será contornado esse impasse na implantação da futura linha de Metrô?”

Em nota, a Secretaria dos Transportes Metropolitanos informou que “o novo plano de mobilidade para o Grande ABC foi baseado em critérios técnicos, levando em conta soluções para ampliar a oferta de transporte público aos moradores da região”. “Todas as justificativas pertinentes já foram devidamente apresentadas pelo governo do Estado na ocasião do anúncio, feito no dia 3. O Estado buscará uma solução amigável junto ao Consórcio Vem ABC.” 




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