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Santo André comemora 50 anos de Ruptura
Por Everaldo Fioravante
Do Diário do Grande ABC
08/12/2002 | 19:54
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No dia 9 de dezembro de 1952, há exatos 50 anos, um grupo de sete jovens artistas plásticos realizou no Museu de Arte Moderna de São Paulo (ainda na rua 7 de Abril) uma mostra de inquestionável importância para o desenvolvimento da arte moderna brasileira. A exposição do Grupo Ruptura e o lançamento do manifesto Ruptura deram o pontapé inicial no movimento concretista nacional.

O grupo propunha o novo em detrimento do velho e afirmava que “a obra de arte não contém uma idéia, é ela mesma uma idéia”. Começava a ser difundida uma estética determinada pela não-figuração, objetividade, rigidez matemática e clareza das formas.

O cinqüentenário foi celebrado ao longo deste ano no Centro Universitário Maria Antonia, em São Paulo. E nesta segunda a festa é em Santo André, com a abertura no Salão de Exposições do Paço Municipal da mostra-homenagem Concrecidade, do fotógrafo andreense Marcello Vitorino, 30 anos, ex-Diário.

A mostra do Ruptura foi composta por obras de Waldemar Cordeiro, Geraldo de Barros, Lothar Charoux, Kazmer Féjer, Leopold Haar, Anatol Wladyslaw e do andreense Luiz Sacilotto. Deles, apenas Wladyslaw e Sacilotto estão vivos.

A histórica exposição deu o que falar, ao apresentar composições abstrato-geométricas. Até então, o abstracionismo era coisa nova no Brasil, pois começou a se desenvolver no país a partir dos anos 40. “Teve gente que gostou da exposição, mas muitos fizeram vistas grossas”, diz Sacilotto.

A homenagem que Vitorino presta ao movimento, e ao seu conterrâneo Sacilotto, 78 anos, traz imagens captadas em Santo André. São registros de cenas urbanas em que o tom é dado pelo geometrismo.

Ele exibirá cerca de 40 fotos formato 50cm x 75cm, além de quatro painéis. Esta é a segunda mostra individual do também fotojornalista Vitorino – a primeira foi em Diadema, em 1997.

“Quando vi as obras públicas do Sacilotto em Santo André, senti vergonha por não saber quem era o artista que realizava aquelas obras na minha cidade. A partir daí, comecei a pesquisar o assunto. Li sobre o concretismo e fiz visitas ao Sacilotto”, afirma Vitorino.

A decisão do fotógrafo de retratar cenas urbanas criando imagens pautadas pelo geometrismo foi uma idéia bastante certa. Isso, segundo o próprio Sacilotto, que sempre diz que o concretismo está por todos os lados. “Dos portões das casas às faixas das ruas, tudo tem geometria, concretismo”, afirma o artista. Junto à mostra será lançado um catálogo elaborado pela Imprensa Oficial, de formato 21cm x 21cm e com 48 páginas. A tiragem de 600 exemplares terá como destino bibliotecas e instituições culturais.

Em texto para o catálogo, Paula Caetano (mestre em Artes Visuais, professora universitária e coordenadora da Casa do Olhar, em Santo André) fala do contexto histórico em que surgiu o movimento concretista brasileiro. “A década de 50 é marcada, no Brasil, por grandes transformações, com a expansão do comércio, das indústrias siderúrgica e automobilística e um acelerado crescimento urbano. É neste clima de desenvolvimento econômico, social e político que surge no Brasil a pesquisa de arte e o concretismo”, escreve Paula. “Até por ter surgido num momento de efervescência e crescimento industrial, (o concretismo) possuía afinidade com a tecnologia, propondo a busca de novos materiais e suportes (para a criação artística)”.

Concrecidade – Exposição. No Salão de Exposições do Paço Municipal de Santo André. Tel.: 4433-0605. Abertura nesta segunda, às 20h. De terça a sábado, das 14h às 17h e das 18h às 21h. Entrada franca. Até 5 de janeiro.




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