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Independência é conquistada por 31% das abrigadas

Desde 2014, serviço regional acolheu 1.150 vítimas de violência doméstica que corriam risco de morte

Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
08/03/2019 | 07:00
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Romper com o ciclo de violência doméstica, retomar a autoestima e a independência financeira. É esse o objetivo das mulheres que chegam ao serviço Casa Abrigo Regional, mantido pelo Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, e que, desde 2014, já atendeu 1.150 mulheres (para os filhos menores de 18 anos, foram 2.000 atendimentos) vítimas de violência doméstica e que corriam risco de morte. Deste total, 31,5% conseguiram a independência após deixar o programa.

Advogada e integrante do conselho gestor das casas, Maria Aparecida da Silva, 61 anos, explicou que o primeiro atendimento prestado visa fazer trabalho de sensibilização e resgate da autoestima da mulher. “Mostramos que ela é um ser humano e não um objeto para o prazer alheio, ou para ser alvo de frustrações, como vinha sendo tratada”, explicou.

Além de atendimento psicológico, é feito levantamento para identificar desde quando a mulher vive a situação de violência e que tipo de apoio ela vai precisar. Os dados dos atendimentos mostram que 57% precisam de encaminhamento para serviços de saúde. “A violência doméstica as afeta de muitas formas e não é raro o adoecimento”, pontuou.

As casas contam com parcerias com os fundos sociais de solidariedade e os CPTRs (Centros Públicos de Trabalho e Renda), tanto para capacitação em novas atividades profissionais quanto para reinserção no mercado formal de trabalho. “É muito comum a mulher contar que não trabalhava porque o companheiro não permitia. Mas isso também é uma forma de controle, pois as deixa dependentes de seus agressores”, ponderou Maria Aparecida. 

O serviço Casa Abrigo Regional sofreu corte de um terço no orçamento para 2019, passando de R$ 1,544 milhão para R$ 1,010 milhão. Maria Aparecida garantiu que os atendimentos foram adaptados e nenhum serviço, cortado. As casas têm capacidade para até 40 mulheres e seus filhos menores, por um período de 180 dias, podendo ser ampliado de acordo com cada caso. “Fizemos uma reorganização com a ONG (Organização Não Governamental) responsável pela administração, para garantir que não houvesse perdas. Mas também estamos dialogando com o governo federal, por meio do Consórcio, para obtermos outras fontes de financiamento e não apenas as prefeituras”, concluiu.




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