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Informe pede que atletas repensem patrocínio da Nike
Por Do Diário do Grande ABC
06/09/2000 | 10:14
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Os atletas devem reavaliar se querem manter seus contratos de patrocínio que os unem à gigante Nike, segundo os autores de um relatório que denuncia que a empresa explora os trabalhadores de suas fábricas na Indonésia.

A empresa multinacional, que patrocina atletas de ponta como o bicampeao olímpico Michael Johnson, foi acusada de maus-tratos a seus trabalhadores pelo grupo de luta pelos direitos humanos Ajuda Comunitária no Exterior-Oxfam (ACEO).

Esta organizaçao denunciou, num relatório apresentado em Sydney na segunda-feira, que a empresa fabricante de roupas esportivas paga a seus funcionários apenas um dólar por dia e que, em alguns casos, faz ameaças a quem participar de atividades sindicais.

O relatório citou a Adidas e a Reebok também. As duas concorrentes teriam aceitado firmar um acordo para melhorar as condiçoes de trabalho de seus funcionários.

O ex-jogador profissional de futebol americano, Jim Keady, que passou um mês na Indonésia com o salário pago aos trabalhadores da Nike neste país, disse que se sentia faminto e exausto.

``Após ter passado um mês tentando viver da melhor maneira possível, como fazem os trabalhadores da Nike da Indonésia, posso dizer a vocês que nao é um grande trabalho para nenhum ser humano', disse aos jornalistas. ``Se consegue sobreviver, mas nao se pode viver (...), é um pagamento paupérrimo. A Nike está explorando uma mao de obra que está numa situaçao econômica desesperadora'.

O relatório informa que as informaçoes foram conseguidas na entrevista aos líderes sindicais de três fábricas de calçados da Nike. Um dos aspectos mais preocupantes, segundo o documento, é o das hostilidades dos diretores das fábricas aos líderes sindicais, que sao continuamente discriminados.

As trabalhadoras sao obrigadas a provar que estao menstruadas aos médicos da fábrica, para terem direito à folga por menstruaçao a que têm direito pelas leis indonésias. O relatório diz que muitas renunciaram a seus direitos para evitar passar pelo humilhante exame médico.

Ainda de acordo com o relatório, as tentativas da Nike de regulamentar as condiçoes de trabalho de sua mao de obra fracassaram porque a empresa negocia apenas com os diretores das fábricas e nao com os trabalhadores.

O autor do informe, Tim Connor, incentivou os atletas sob contrato com a Nike, que patrocina mais de mil esportistas e equipes participantes dos Jogos Olímpicos de Sydney, que sigam o caminho escolhido por Keady. ``Verifiquem qual é a situaçao real dos trabalhadores da Nike (...) e depois se sentem para discutir o patrocínio com a Nike', disse ele.

O diretor de assuntos globais da Nike US, Vada Manager, defendeu o passado da empresa em termos trabalhistas. ``Nenhuma companhia tem feito tanto em termos de direitos dos funcionários, manutençao dos códigos de conduta, melhorias salariais e luta contra a exploraçao infantil como nós,' disse.

Também afirmou que a participaçao de Keady nesta campanha é suspeita, já que enfrenta a empresa na Justiça.

Keady, que recentemente foi demitido do cargo de treinador da Universidade de St Johns, argumenta que sua demissao aconteceu porque ele se negou a levar presentes da Nike em protesto contra as condiçoes trabalhistas da empresa no mundo, apesar de a Nike ser um dos principais patrocinadores da equipe.

Vada Manager disse que grupos como o NikeWatch estao se concentrando nos temas apropriados, mas que a Nike é o alvo errado.




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