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Postos sofrem competição desleal em Diadema
Daniel Trielli
Do Diário do Grande ABC
23/05/2007 | 07:04
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Os postos de Diadema têm, em média, os preços mais baixos nos combustíveis do Grande ABC. A cidade tem o álcool mais barato da região (R$ 1,379) e o segundo menor preço da gasolina (R$ 2,358), atrás só de Mauá (R$ 2,347). Essa vantagem esconde um lado negativo no setor – a competição desleal que inclui adulteração do produto.

A realidade de um dono de posto em Diadema é enfrentar um inimigo a cada esquina. Concorrentes desleais adicionam produtos químicos aos combustíveis para poder vender mais barato, o que força os empresários honestos a baixar cada vez mais as margens de lucro para poder competir.

“É muito difícil trabalhar”, desabafa Antônio Gomes de Oliveira, proprietário do Turismo Posto de Serviços (bandeira Shell), que fica na Avenida Presidente Kennedy, no centro de Diadema. O preço do combustível do Turismo está sempre um pouco acima da média do município. “Eu adotei o seguinte: coloco a minha margem de lucro e vou sobrevivendo”, conta Toninho.

Para o empresário, no entanto, a estratégia de manter um preço confortável na gasolina e no álcool é uma faca de dois gumes. “Muitas vezes o motorista vê o preço mais alto e acha que a gente é bandido, que quer se aproveitar. Mas também existe o cliente que abastece há anos, está acostumado, e sabe que o preço mais alto representa qualidade no combustível”, explica.

A adulteração, avisa Toninho, é um problema generalizado no Grande ABC. “Não é só em Diadema. A nossa região de uma forma geral é bem complicada. A gente vê nas outras cidades que o preço da gasolina e do álcool é menor do que o da Capital.” No entanto, ele admite que no município a fraude de combustíveis é mais forte.

A grande proporção de adulterações é causada, em parte, pela grande quantidade de postos que não estão filiados a nenhuma grande distribuidora. “É óbvio que o fato de um estabelecimento ser bandeira branca de modo algum significa que ele seja desonesto”, ressalta o empresário. Porém, ele diz que o fato de o posto ser livre, com certeza, abre espaço para fraudes.

Oliveira destaca que muitos donos de postos decidem abandonar uma bandeira por conta das dificuldades de se lidar com as distribuidoras. Aí está mais um problema para os donos de postos – o engessamento dos preços por conta dos valores cobrados por quem vende a gasolina e o álcool para os varejistas.

Para Roberto Rodrigues, do Regran (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do ABC), as distribuidoras não repassam as quedas nos preços de combustível (em especial o álcool, veja texto abaixo). Isso deixa os estabelecimentos entre a cruz – pagando caro pelo produto que vendem – e a espada – competindo contra adulteradores.

Para completar a receita do problema para os postos de Diadema, os varejistas de combustível não enfrentam só a adulteração e a pressão das distribuidoras. Também se deparam com outros tipos de vantagens econômicas dos competidores. É o caso dos postos instalados nos estacionamentos de hiper e supermercados. Esses estabelecimentos têm vantagens tributárias (por se tratar, tecnicamente, de parte do comércio, setor com carga de impostos maior) e até trabalhistas (por causa do piso salarial mais baixo no varejo em comparação aos postos). “Não temos nada contra os hipermercados. Eles estão fazendo seu trabalho de acordo com a legislação. O que está errado é a lei, que permite que essas coisas aconteçam”, diz Toninho.




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