O diretor Marcelo Gomes selecionou um encontro de refugiados para estrear em longas-metragens. O resultado está em Cinema, Aspirinas e Urubus, filme que nesta terça-feira tem a primeira de suas três sessões na 29ª Mostra BR de Cinema e que, comercialmente, deve estrear no dia 11. Foi o filme que Gomes levou este ano para Un Certain Regard, a mostra do Festival de Cannes que privilegia estreantes.

Gomes promove o encontro de Ranulfo (João Miguel), retirante nordestino que abandona suas terras por efeito da seca, e de Johann (Peter Ketnath), alemão que desembarca no Brasil fugido da Segunda Guerra. O europeu se estabelece no sertão brasileiro, a bordo de um caminhão e determinado a vender aspirinas, droga então recém-lançada, com o suporte de filmes publicitários exibidos a um público que até então desconhecia cinema. Ranulfo associa-se a ele e começam, ambos, uma jornada pelas estradas do país.

Cinema, Aspirinas e Urubus lida com o choque cultural, de uma civilização comprometida quase que exclusivamente com a subsistência e de um indivíduo cujo negócio é fazer do aparentemente supérfluo algo essencial. São culturas em trânsito, uma causada pela guerra e outra pelo deserto, que rumam para descobrir o que há de comum entre elas, geograficamente tão distintas.