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Redução de estômago muda a vida de 560 pessoas
William Cardoso
Do Diário do Grande ABC
22/03/2009 | 07:02
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Andréa Iseki/DGABC


A FMABC (Faculdade de Medicina do ABC) já realizou 560 cirurgias de redução de estômago totalmente gratuitas nos últimos sete anos, desde que o procedimento passou a ser referenciado pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Na região, 85% dos pacientes que acabaram na mesa de operação são mulheres.

A obesidade é tida como uma epidemia mundial por especialistas em saúde pública. Não há números exatos sobre o problema no Brasil, mas estimativas apontam que aproximadamente 30% da população nacional seja obesa. Desses, 5% já estão no nível de morbidade.

A busca por auxílio é bastante elevada e a Faculdade de Medicina tem condições atualmente de realizar no máximo oito cirurgias por mês, o que gera uma extensa lista de espera.

As pessoas que procuram ajuda na faculdade são de todas as classes sociais. O excesso de peso atinge desde quem mora em favelas até a população mais abastada. "Temos um paradoxo. Mesmo quem mora em um barraco e não tem condições financeiras se alimenta mal e pode apresentar obesidade", explica o responsável pelo serviço de cirurgia bariátrica da entidade, Edmundo Anderi.

O médico explica que o alto consumo de gordura trans (presente em bolachas, doces e todo tipo de guloseimas) é um dos fatores para o número excessivo de obesos na sociedade. "Ela é que dá o sabor à comida, torna tudo mais palatável. A couve dos restaurantes por quilo é mais saborosa porque recebe doses generosas de óleo, que tem gordura trans, por exemplo", afirma.

Os vícios são tratados sempre com a abstinência integral. É recomendado ao alcoólatra que evite o primeiro gole, ao usuário de cocaína que fuja da primeira dose e ao jogador compulsivo que não faça a primeira aposta. Com o ‘viciado em comida', é diferente. "Não posso pedir ao paciente que não dê a primeira garfada. Por isso é tão complicado fazer regime", diz Anderi.

A redução de estômago entra aí, para aqueles que estão em situação crítica. Porém, é indicada apenas a quem tem condições de suportar uma intervenção drástica sem que isso se reverta em danos físicos e psicológicos. "É feita uma ampla avaliação que leva até seis meses entre a primeira consulta e a mesa de cirurgia", alerta o médico.

A intervenção muda completamente a vida da pessoa. Alguns podem ter inclusive dificuldade em se reconhecer no espelho, mesmo um ano após a cirurgia. "É preciso também compreender que não é algo que traz a felicidade imediata a alguém, mas que pode dar um fôlego para que seja encontrada", afirma o representante da FMABC.

O paciente precisa ter uma condição psicológica bastante estruturada para suportar as transformações radicais. "Se não for assim, pode se descontrolar. Aí, acabam substituindo a comida por outro vício."




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