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Setor metalúrgico contrata menos no primeiro semestre
Por Eric Fujita
Do Diário do Grande ABC
09/08/2005 | 08:10
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As indústrias metalúrgicas do país criaram menos empregos no primeiro semestre deste ano, se comparado com o mesmo período do ano passado. A desaceleração foi constatada em pesquisa divulgada segunda-feira pela CNM (Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT), que apurou um aumento de 2,9% na geração dos postos de trabalho no setor, contra uma alta de 4,2% registrado no mesmo período de 2004 (na comparação com o primeiro semestre de 2003). A alta taxa de juros e a queda do dólar foram apontadas como as principais causas por esse freio na geração de novas vagas.

Pelo levantamento da confederação, as fábricas do segmento abriram 44.536 vagas de janeiro a junho. Nos seis primeiros meses do ano passado, as empresas do ramo geraram 57.799 vagas. De um ano para outro, o volume de criação de empregos caiu quase 23%. Até o final do primeiro semestre, mais de 1,5 milhão trabalhadores estavam empregadas no ramo metalúrgico em todo o Brasil.

A tendência no setor metalúrgico segue a mesma trajetória de queda apontada em junho pelo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) do Ministério do Trabalho. De acordo com essa análise, houve uma retração de 60,4% do número de empregos nas indústrias da região.

A CNM abrange o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, que hoje conta com 108 mil trabalhadores em São Bernardo e Diadema. Em Santo André e São Caetano, os metalúrgicos são representados pela Força Sindical e somam cerca de 27 mil. No total, a categoria no Grande ABC representa 13% dos 1,8 milhão de trabalhadores do setor.

Apesar da desaceleração, a pesquisa mostra um avanço do número de empregos em quatro dos cinco subsetores dentro da metalurgia. As altas mais acentuadas ocorreram nas áreas de autopeças e montadoras, com 10,4% e 10,2%, respectivamente, confirmando os dados do levantamento mensal divulgado na última quinta-feira pela Anfavea (Associação dos Fabricantes dos Veículos Automotores).

O secretário de Organização da CNM, Valter Sanchez, considerou positivo o desempenho do primeiro semestre, mesmo com a redução do ritmo de contratações. Como justificativa, ele destacou que os seis primeiros meses de 2005 seguiu a mesma tendência registrada desde 2003, quando o ramo metalúrgico começou a dar sinais de recuperação.

Para Sanchez, a combinação dólar baixo e a elevada taxa básica de juros, a Selic, foi responsável por menos contratações. "O dólar barato prejudicou principalmente a área de eletroeletrônicos, que concorreu com produtos importados mais baratos. E os juros mais altos também desestimulam o consumo."

O mesmo raciocínio é compartilhado por lideranças empresariais e estudiosos. O diretor-executivo do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), o economista Júlio Sérgio Gomes de Almeida, disse que esse atual cenário refletiu diretamente num retrocesso na geração de empregos na metalurgia. "As indústrias não evoluíram a partir do primeiro trimestre com as altas taxas de juros. Assim, o setor pode caminhar para uma estagnação."

O diretor regional do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de São Bernardo, Mauro Miaguti, afirmou que houve essa desaceleração porque o governo federal mostrou sinais de continuidade da política econômica. Como justificativa, ele apontou o não avanço das reformas tributária, trabalhista e sindical.




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