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Ka ajudou fábrica da Ford a sobreviver na região
Wagner Oliveira
Do Diário do Grande ABC
03/08/2009 | 07:02
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Tiago Silva/DGABC


O sucesso de vendas do Ford Ka ajuda a consolidar a sobrevivência da fábrica da Ford em São Bernardo. A afirmação é do presidente Marcos de Oliveira, também responsável pela operação no Mercosul. As vendas do carro de entrada da marca cresceram até 30% no semestre, garantindo uma produção, que anualizada, chega a 100 mil unidades.

A Ford fabricava no Grande ABC 35 mil unidades anuais do antigo modelo Ka. Somado a caminhões e picapes, a unidade de São Bernardo produzia em torno de 70 mil unidades - volume considerado baixo para uma fábrica de grandes dimensões e que, por isso, já foi ameaçada de fechamento. Em Camaçari (BA), para se ter uma idéia, a Ford produziu 210 mil unidades do EcoSport e Fiesta em 2008.

"O Ka se tornou um grande sucesso, mesmo disputando o subsegmento de 2 portas, que representa apenas 30% das vendas dos carros de entrada", disse Oliveira. "Sem uma equação que nos permitisse retomar uma produção de um carro de sucesso, talvez, hoje São Bernardo não fosse viável", afirmou ele.

O sucesso de venda do modelo e de outros permitiu que a Ford crescesse 17% no primeiro semestre, enquanto o mercado, de forma geral, cresceu em torno de 4%. "Estamos numa boa trajetória, mas o momento requer atenção", disse Oliveira, preocupado com a queda de até 50% nos volumes de exportação, que impactaram a lucratividade da Ford na América do Sul. "Esta indústria não é como uma prova de 100 metros livres, mas uma maratona."

O executivo explicou que, enquanto a atividade econômica da maioria dos países caiu entre 20% e 40%, o Brasil vive um momento único, em que a indústria registra até um pequeno crescimento. "Trabalhamos com previsão de 3 milhões de unidades em 2009 contra as 2,82 milhões de 2008. Mas o momento ainda requer muita cautela."

Ela relata que isso se deve, à redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industriais) e à volta do crédito, o que tornou o mercado aquecido, com as margens de lucro reduzidas. A manutenção dos custos de insumo, como o aço, num patamar alto, a queda de até 50% nos volumes de exportação e maior competitividade entre as marcas também impactaram a rentabilidade. "Esta indústria é impiedosa, não admite erros", reforçou Oliveira.

O presidente explicou que com isso a Ford deixou de ganhar, mais que isso foi importante. "A Ford contabilizou US$ 86 milhões de lucro neste segundo trimestre. No mesmo período de 2008, o ganho foi de US$ 388 milhões (O Brasil representa 70% deste volume). É uma notícia boa porque, com isso, mantivemos 22 trimestres de crescimento ininterruptos,"

Na opinião do presidente, o que possibilitou à montadora registrar resultados de vendas maiores que a concorrência foram planejamento e produtos. "O Ka, o Focus e Fusion, por exemplo, tiveram crescimento muito bom no primeiro semestre. Só o Ka subiu em torno de 30%. A Ford ampliou suas vendas em 17,5%, enquanto o mercado cresceu em torno de 4% nos seis primeiros meses. Isto fez com que ganhássemos 1,2% de market share no primeiro semestre, resultando agora em 10,4% do mercado brasileiro.

"Trabalhamos para voltar à lucratividade em 2011. As vedas da Ford cresceram em quase todas as regiões do mundo no primeiro semestre, mesmo num cenário de crise. Puxado pelo Brasil, subimos 1,2% na América do Sul. Na Europa, saltamos 0,9%. Nos Estados Unidos e Canadá, a Ford cresceu 2%. Apesar disso, ainda tivemos prejuízo global no segundo trimestre da ordem de US$ 400 milhões.




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