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Municípios se esquecem de academias ao ar livre
Por Vanessa de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
03/01/2017 | 07:00
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Anderson Silva/DGABC


A prática de exercícios é essencial para garantir qualidade de vida, e as academias ao ar livre – que na região são 148 espalhadas em cinco das sete cidades (São Caetano e Rio Grande da Serra não informaram) – são alternativas gratuitas para exercitar-se. No entanto, a falta de manutenção e o estado em que se encontram equipamentos em espaços de algumas cidades podem colocar os usuários em risco.

“A falta de manutenção pode encurtar a vida útil dos aparelhos, uma vez que estão expostos à poeira, chuva e calor. Pode ainda alterar a execução do movimento, colocando em risco o usuário e até mesmo ser a causa de uma lesão”, aponta o médico do Esporte e do Exercício pela SBMEE (Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte) e 2º vice-presidente da Spamde (Sociedade Paulista de Medicina Desportiva) Fernando Bianchini Cardoso.

Em Santo André, em academia localizada no bairro Sítio dos Vianas, por exemplo, um dos aparelhos voltado para exercitar as pernas estava sem o cabo de aço que dá o movimento. “Algumas pessoas tentam arrumar por conta própria, mas nem sempre dá”, conta a dona de casa Helen Souza de Oliveira Calixto, 34 anos, usuária do espaço.

Em Ribeirão Pires, na área central, ferrugem está deteriorando cada dia mais os equipamentos. Alguns apresentam até mesmo buracos na estrutura.

O mesmo problema a equipe do Diário encontrou em São Bernardo, em aparelhos da Praça Santa Luzia, no bairro do Taboão.

Em Diadema, no Parque das Nações, no Canhema, o aparelho destinado ao desenvolvimento dos ombros está sem uma mola que garantiria a segurança de quem o utiliza. “Essa mola dava firmeza quando a pessoa descia os braços segurando nas hastes. Sem ela, desce de uma vez. Já vi um senhor ser atingido na cabeça quando fazia o exercício. É uma arapuca”, comenta o aposentado José Joel Santos de Oliveira, 61. “As academias ao ar livre são iniciativas muito boas, mas é preciso cuidar”, completa. E mostra um aparelho para fortalecer as pernas que está com as peças frouxas.

Ainda em Diadema, no Parque Pôr do Sol, no Piraporinha, o problema começa na placa que informa como utilizar os equipamentos: os desenhos e textos estão apagados. Os aparelhos estão sendo consumidos pelo ferrugem e com peças espanadas.

O professor do curso de Educação Física da Universidade Metodista de São Paulo Allan Igor Silva Serafim destaca que é preciso analisar se os equipamentos estão em boas condições de uso, para evitar riscos. “Um aparelho sem manutenção oferece riscos à integridade física de quem o utiliza. É importante que exista cuidados preventivos a cada 30 dias e o acompanhamento semanal de algum responsável nesses locais.”


Prefeituras falam em manutenção, apesar da situação de equipamentos

Embora aparelhos estejam em condições precárias, as administrações afirmam que fazem ações de manutenção periódicas.

A Prefeitura de Santo André, que tem 69 academias e 972 aparelhos, declarou que o serviço corretivo ou preventivo é realizado em cerca de 150 equipamentos por mês.
Mauá informou que “tendo em vista que a manutenção é feita regularmente, não é comum que quebrem”.

Segundo a administração de Ribeirão Pires, reparos são realizados a cada 90 dias, “ou antes, quando ocorrem defeitos ou são quebrados”.

Diadema comentou que “em situações pontuais de quebra ou vandalismo, a manutenção é realizada”.

Já São Bernardo afirmou que não tem contrato para manutenção constante. “Quando é danificado algum equipamento, este é retirado para manutenção por completo, por não ter mais condições de ser utilizado.

Especialistas frisam que ausência de acompanhamento também traz risco

Nas academias ao ar livre os exercícios são feitos sem acompanhamento profissional, situação que para o professor do curso de Educação Física da Universidade Metodista de São Paulo Allan Igor Silva Serafim deve ser repensada. “Um professor poderia amparar os praticantes em relação à execução dos exercícios e orientá-los de acordo com os seus objetivos.”

O 2º vice-presidente da Spamde (Sociedade Paulista de Medicina Desportiva), Fernando Bianchini Cardoso, também ressalta que o ideal seria ter acompanhamento, mesmo que não seja em tempo integral. “O educador físico não precisa estar presente em todas as sessões, mas pelo menos nas primeiras, pois poderia explicar e supervisionar a execução, evitando lesões osteo-musculares e por sobrecarga, que podem ocorrer sempre que o indivíduo realizar exercícios de forma errada.” 




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