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Ousadia é com ele mesmo

Artista de Ribeirão Pires, Vinícius Franco
lança disco gravado e mixado em sua casa

Vinícius Castelli
03/01/2017 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


Tudo nasceu a partir de um surto de inspiração. Um projeto corajoso, curioso, autoral e feito sem recurso algum. Músico e escritor, Vinícius Franco, de Ribeirão Pires, que quando não trabalha com infraestrutura de tecnologia da informação se dedica à arte, convida o ouvinte a passear com ele por dez de suas canções, todas reunidas em seu primeiro álbum batizado A Viagem. Independente, o disco está disponível para compra (R$ 15) ou download gratuito no site www.bimawe.blogspot.com.br.

O artista de 25 anos aposta em mistura de rock progressivo com elementos de blues, música medieval e clássica. O álbum foca mais em temas instrumentais, mas tem canções letradas também. E tudo foi feito por apenas duas mãos, as de Vinícius Franco. Em A Viagem ele toca guitarra, violão, contrabaixo, bateria, teclado, piano e gaita, além de citar alguns textos em algumas faixas.

Além disso, tudo foi feito, preparado e registrado em sua casa. “A experiência é difícil. Não é fácil tirar o melhor som do mundo sem equipamento adequado. É como extrair água das pedras. Mas eu decidi fazer dessa forma porque nunca almejei resultado profissional, eu só queria produzir”, explica ele, que não gastou um único centavo para fazer o trabalho. Ele idealizou todas as músicas e a estrutura do álbum em praticamente um dia. Nos 18 dias que sucederam, durante as férias do trabalho, ele gravou, mixou e cuidou da identidade visual do projeto.

A princípio, o propósito do álbum era de apenas servir como meio de escape “desse mundo louco” para o artista. Mas o projeto ganhou força e virou obra. A Viagem segue na contramão dos enlatados e não tem nada de popular. A ideia do artista, na verdade, não era agradar ninguém, mas sim expor tudo aquilo que sentia. E para conseguir seguir esse caminho da maneira mais natural possível, acabou fugindo dos padrões. “Minha formação musical sempre foi muito calcada na música experimental, então esse trabalho é um grande estudo”, afirma.

As influências são diversas, mas Pink Floyd, banda responsável por colocar Vinícius na vida musical, é sua principal fonte de inspiração na obra. Radiohead e Sigur Rós também estão na receita sonora. Vinícius Franco nunca estudou música. O que sabe aprendeu sozinho. Juntou tudo e começou a dar vida e cor às ideias. E engana-se quem pensa que, por ter sido feito por uma única pessoa, em casa, o trabalho não surpreenda, pois consegue.

Para o artista, a música instrumental sempre teve a difícil missão de extrair do ouvinte seus sentimentos mais puros, porém sem usar uma única palavra. Por isso, apenas três canções tem o uso da voz. As faixas representam, mesmo que de maneira peculiar, pequena parcela do cotidiano humano. “O álbum é uma imitação da vida. Fala sobre as pessoas, as relações e os sonhos”, explica.

Ele acredita que cada tema pode ser útil para mostrar as dores e felicidades que enfrentamos. “As músicas ganharam características multifacetadas. Um ouvinte pode achar determinada canção triste, enquanto para outro ela traz sentimentos bons. Tudo depende do momento pessoal de cada um.”




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