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Do outro lado do espelho
Por Carlos Brickman
14/12/2016 | 07:00
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A área política do governo Temer está bem complicada: como bananas que passaram do ponto, meia dúzia de ministros já foi descartada, outros aguardam o iminente descarte. Até o presidente já foi citado em delação premiada. Aliado importante, o senador goiano Ronaldo Caiado, DEM, propôs a renúncia imediata de Temer, para que eleição direta indique sucessor com apoio popular para dar jeito na crise e na economia.

Mas exatamente a economia tem mostrado bons resultados, submersos pelos erros políticos, pela Operação Lava Jato e pelo cansaço da opinião pública, que provavelmente esperava ação mais decisiva do novo governo. Há nova safra de empresas, em especial as individuais: 1,55 milhão, informa a Serasa. Boa parte dos empreendedores reage ao desemprego que os atingiu, mas o número dá sinal da força do mercado interno. E há a rápida queda da inflação, que no fim do governo Dilma buscava dois algarismos e hoje parece estar no centro da meta oficial: 4,5% ao ano. Se o cálculo estiver correto, abre-se campo para redução rápida da taxa de juros. E a emenda que limita os gastos estatais logo, logo entra em vigor.

A equipe econômica é boa e trabalha em silêncio. Montou pacote de oito iniciativas que podem funcionar: por exemplo, programa de emprego, com R$ 1,3 bilhão em quatro anos, algumas mexidas no crédito, redução na burocracia. A cartada é essa: sai a política, entra a economia.

Todos os trunfos...
Ao pedir ao procurador-geral Rodrigo Janot que bloqueie vazamentos de delações premiadas, e as divulgue logo, na íntegra, depois de homologadas pelo STF, Temer, respeitado constitucionalista, sabe o que está fazendo. Se as citações a seu respeito forem verdadeiras, ele não poderá ser julgado por elas, já que se referem todas a período anterior a seu mandato.

...do presidente
E se as citações da delação premiada (faltam 77 delações, só na Odebrecht) continuarem vazando, talvez possam ser contestadas como ilegítimas. Até agora, portanto, não há como atingi-lo do ponto de vista penal. O prejuízo se limita à sua imagem como político e ao debate público.

Coisa estranha
O senador Ronaldo Caiado, expoente do DEM, sabe das coisas. Por isso, sua ideia de que Temer renuncie a tempo de convocar eleições diretas para presidente parece esquisita. Caiado sabe que Michel Temer é do PMDB, e jamais se ouviu dizer que alguém do PMDB tenha largado algum cargo.

Coisa normal
O presidente do DEM, Agripino Maia, é claro: antecipar eleições é ideia de Caiado, não do partido. O DEM continua firme apoiando o governo.

Lula sob pressão – 1
A PF (Polícia Federal) indiciou o ex-presidente Lula por corrupção passiva. Com ele, foram indiciados sua mulher, Marisa Letícia, seu advogado e compadre, Roberto Teixeira, o ex-ministro Antônio Palocci e mais três pessoas. Motivo: a PF considera que a compra de terreno para construção do Instituto Lula e de apartamento ao lado daquele em que mora, que estaria em nome de terceiros, mas alugado pela mulher de Lula, foi feita com propina da Odebrecht. Lula diz que nenhuma das duas compras ocorreu, que não há planos de mudar o local do instituto, e que vem sendo perseguido pelo delegado Márcio Anselmo.

Lula sob pressão – 2
Outra operação da Polícia Federal, iniciada na terça-feira, apura fraudes e desvio de pouco mais de R$ 10 milhões no Museu do Trabalhador, que está sendo construído em São Bernardo, ao lado do Paço, e é conhecido na cidade como Museu do Lula. É a Operação Hefesta, que atingiu 16 pessoas, oito em prisão temporária, oito em condução coercitiva. Hefestos, ou Hefaístos, é o nome grego de um deus conhecido pelos romanos como Vulcano, que se dedicava à metalurgia. A operação foi autorizada pela 3ª Vara Federal de São Bernardo, com o objetivo de desarticular organização criminosa especializada em fraude às licitações, peculato e série de outras ilegalidades.  




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