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Sem-teto tomam Paço de Santo André
Cadu Proieti
Do Diário do Grande ABC
09/03/2012 | 07:00
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Ari Paleta/DGABC


O MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), que ocupa terreno particular no Jardim do Estádio, em Santo André, desde a madrugada de sábado, tomou a esplanada do Paço, ontem, com cerca de 450 pessoas para protestar e pedir participação da Prefeitura nas negociações para loteamento da área.

Na segunda-feira, Flávio Barone Pereira, proprietário do terreno, protocolou pedido de reintegração de posse. O juiz João Antunes dos Santos Neto, da 5ª Vara Cível do município, ainda não decidiu o futuro das cerca de 1.300 famílias que ocupam a área.

Os manifestantes saíram do assentamento por volta das 9h30. A caminhada paralisou parcialmente o trânsito da Avenida Carijós e Rua das Hortências. Quando a passeata chegou na Avenida Perimetral, agentes de trânsito tiveram de obstruir os dois sentidos da via por cerca de 15 minutos para os protestantes passarem. A ação gerou grande congestionamento na região central da cidade.

Após quase três horas de caminhada, o movimento chegou à frente da Prefeitura. Cinco líderes do MTST foram atendidos por integrantes da administração municipal por volta das 17h30. Os manifestantes ficaram cerca de cinco horas sob sol forte. "Achamos que foi um grande desrespeito da administração não atender a gente na hora que chegamos, buscando alternativas para resolver o problema. Estávamos dispostos a passar a noite aqui se não nos recebessem", disse Zezito Alves, um dos coordenadores do movimento.

Apesar do desgaste, muitas mães com crianças de colo acompanharam o protesto todo o tempo. "É cansativo, mas vale a pena lutar. Não tenho com quem deixar a criança, então tive de trazer comigo. É difícil ficar o dia todo nesse sol", relatou Joice Cristina da Silva Araújo, 18, mãe de um menino de 1 ano e 5 meses.

A reunião entre integrantes da Prefeitura, que contou com a presença do secretário de Assuntos Jurídicos, Niljanil Bueno Brasil, e líderes do movimento durou aproximadamente uma hora. A liderança do MTST considerou positivo o encontro. "A Prefeitura se comprometeu a estar presente nas negociações e chamar o proprietário para dialogar. O movimento ficou de trazer os governos do Estado e federal para a mesa de negociações", salientou Alves.

O coordenador do movimento disse esperar compreensão e paciência do juiz que irá definir se acontecerá reintegração de posse do terreno. "A Prefeitura e o movimento não podem intervir no processo judicial. A gente vai tentar dialogar com a Justiça e dizer que estamos buscando negociações com o proprietário. Espero que o juiz tenha paciência e aguarde esse processo", destacou. 
Segundo informações das lideranças do movimento, já são 1.300 famílias acampadas no local.

Na cidade, 20 mil famílias aguardam por uma moradia

Atualmente, cerca de 20 mil famílias aguardam pela casa própria em Santo André. A previsão da Prefeitura é que até 2015 sejam construídas 15.138 unidades habitacionais, mas, mesmo assim, ainda haveria gente de fora. E o número não para de crescer. Dessa forma, é possível entender por que a invasão no terreno do Jardim do Estádio atrai tanta gente: falta casa para a população de baixa renda no município.

Um dos principais projetos de habitação da cidade é destinado ao Jardim Santo André, com a construção de 8.788 unidades pela CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano). O investimento chega a R$ 400 milhões, mas pouca coisa saiu do papel até agora.

A previsão do município é entregar até o fim de 2012 3.122 moradias. Até outubro do ano passado, porém, só 924 foram concluídas.

No programa do governo federal Minha Casa, Minha Vida, Santo André, inclusive, foi a primeira cidade a assinar contratos. No entanto, os dois condomínios residenciais que beneficiarão 352 famílias ainda não foram entregues.Há projeto para a construção de mais 880 apartamentos do conjunto Guaratinguetá, por meio do investimento federal, cujas obras devem começar neste ano. (Camila Galvez)




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