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Gigantes no Azulão e guerreiros no tatame
Marco Borba
Do Diário do Grande ABC
05/09/2011 | 07:30
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André Henriques/DGABC


Luciano Mandi x Léo Mineiro. Não, o meia-atacante e o volante do São Caetano não se renderam à febre do MMA (Mixed Martial Arts, sigla em inglês) a ponto de trocar os gramados pelos tatames. Além de jogadores profissionais, têm em comum o fato de praticar o karatê e de gostar das lutas do UFC (Ultimate Fighting Championship), empresa que promove os combates mundo à fora e que trouxe ao Rio de Janeiro há poucos dias astros do octógono como os brasileiros Rodrigo Minotauro e Anderson Silva, o norte-americano Forrest Griffin e o japonês Yushin Okami.

Mandi e Léo Mineiro se dizem aficcionados pelos combates e quando não estão em campo ou concentrados acompanham as lutas pela TV. No entanto, depois que se tornaram profissionais da bola tiveram de trocar os quimonos pelos uniformes e praticamente abandonaram as artes marciais. "Até pensei em voltar a treinar ao menos uma ou duas vezes na semana. Mas a rotina de treinos e jogos (no futebol) é muito desgastante.Também existe o risco de lesão, por isso evitamos. Isso pode nos tirar de um ou vários jogos", destacou Mandi, um dos destaques do time na Série B.

Léo Mineiro, que assim como o amigo começou a praticar quando adolescente, no colégio onde estudava, em Ipatinga (MG), vê as artes marciais hoje apenas como um hobby. "Sempre gostei do karatê, mas o foco sempre foi o futebol. Quando parar de jogar talvez volte, mas apenas para me divertir."

A dupla acompanhou pela TV as lutas do UFC Rio. Luciano Mandi avalia que Anderson Silva está entre os melhores do mundo e se tornou quase imbatível - invicto há 14 lutas - pela dedicação e entrega ao esporte. "Ele é muito bom porque combina estilos diferentes e demonstra ser muito profissional, centrado no que faz." Anderson Silva é especialista em muay thai e campeão do peso médio.

Leó Mineiro e Mandi discordam que o surgimento de academias e o aumento no número de alunos por conta da exposição cada vez maior do MMA na mídia possa contribuir para o aumento da cultura de violência já observada nas ruas. "Há os dois lados. Um deles é que não acredito que alguém entre em uma academia para sair brigando por aí. O outro é que a arte marcial ajuda a disciplinar e educar, contribui para a formação de cidadãos. A educação, o respeito e a tolerância vêm de casa. O que a gente espera é que os pais ajudem a educar e aconselhar seus filhos", avaliou Mandi. "Quando se gosta, se vê com outros olhos. A arte marcial não é o caminho para quem é violento. É um esporte que ajuda a aliviar o estresse, a relaxar. Meu filho (Leonardo, 7 anos) faz jiu-jitsu e é um menino calmo. As academias não são lugar para quem é violento, até ajudam a educar as crianças, cobram boas notas", completou Léo Mineiro.

 

Para professor, exposição dos esportes de combate não aumenta a violência

O professor de muay thai, jiu-jitsu e MMA (Artes Marciais Mistas) da Academia Iron Xtreme, de São Caetano, Clayton Monteiro, 35 anos, dissociou a exposição hoje maciça do MMA, com lutadores se agredindo fisicamente, à cultura da violência. Para ele, essa imagem da brutalidade ficou estigmatizada quando o evento ainda era conhecido como vale tudo.

"Como o próprio nome diz, valia tudo. Cada um defendia o seu estilo e só não valia dedo nos olhos e golpes nas partes baixas. Até lutador de rua participava para ganhar dinheiro. Com a profissionalização e a instalação de regras e a divisão das lutas por estilo e categorias (leve, meio-médio, médio e pesado) a coisa mudou muito", disse Monteiro.

Segundo o lutador, as artes marciais não devem ser atreladas à violência. "Na arte marcial existe disciplina milenar, cultura voltada à paz interior, algo que nos ajuda a ter o autocontrole. E é justamente esse autocontrole que faz com que a pessoa pense duas vezes antes de se envolver em briga. Quem vai para academia com o propósito de aprender a lutar para sair brigando por aí está no caminho errado, até porque hoje em dia há muita gente armada pelas ruas. Não pode achar que é super-homem."

Conforme explicou o também professor Wildy Vianna, 20 anos, por ser uma arte marcial de base aberta (movimento de pernas em compasso aberto), na comparação às praticadas no MMA, o karatê praticado por Luciano Mandi e Léo Mineiro se aproxima em maior escala do kickboxing e menor grau do muay thai




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