Política Titulo Juventude na política
Protestos não fomentam lideranças no Grande ABC

Mesmo em atos com jovens protagonistas,
os candidatos mais novos seguem cartilha

Por Vitória Rocha
Especial para o Diário
12/09/2016 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


No Grande ABC, parte significativa dos candidatos deste ano da chamada juventude dos partidos, com postulantes entre 18 e 29 anos, já tem espólio político na família e não saiu de movimentos sociais de jovens, apesar da ampla participação de estudantes nas manifestações de junho de 2013 pela redução do preço da passagem do transporte público, nos protestos contra a reorganização escolar promovida pelo governo do Estado e mesmo nos atos contra e a favor do impeachment de Dilma Rousseff (PT).

É o caso do advogado Fernando Rubinelli (PDT), que, aos 27 anos, é candidato a vereador em Mauá depois que o pai, o vereador Wagner Rubinelli (PT), desistiu que concorrer à reeleição após 20 anos de atuação política. “Já atuo na área como assessor jurídico desde 2010, na gestão do ex-prefeito (José de) Filippi (PT), em Diadema. Depois trabalhei com os deputados (Vanderlei) Siraque (PT) e Angelo Perugini (ex-PT, hoje PDT). Quando meu pai me comunicou que não tinha vontade de disputar mais, achei que seria natural me candidatar. Vi como grande oportunidade de começar, principalmente porque as pessoas querem renovação na política”, afirmou.

Filha de Antenor Raposão (PT) e Alda Oliveira (PT), ambos já tendo concorrido a cadeira na Câmara de Diadema sem êxito, Fátima Batista, a Fatiminha da Liga (PT), 32, pleiteia pela segunda vez a vereança neste ano, representando a juventude a pedido da sigla, apesar de não estar mais na faixa etária considerada pertencente a esse grupo. “Eu participo da juventude do PT desde os 16 anos. Meus pais já participavam, então comecei a militar desde pequena. Eu acho que a juventude é a solução do nosso País, temos de dar resposta a tudo o que está acontecendo em âmbitos nacional e estadual. Temos de acabar com o coronelismo e com o mandato família. O pessoal jovem puxa saco de candidatos que já têm possibilidade se elegerem. Ninguém é louco, como eu, de dar cara a tapa”.

Por outro lado, mas com a mesma vontade de mudança, Gabriella Aro (PRTB), 18, é uma das mais jovens candidatas de São Caetano e irá concorrer pela primeira vez a vaga na Câmara. “Estou cansada de ver os mesmos políticos. São Caetano é uma cidade bem pequena e muito tradicional, onde os jovens são esquecidos na parte política e a própria população não dá credibilidade aos mais novos. Sempre gostei muito da política em si, mas nunca tinha encontrado um lugar para participar ativamente na cidade. Neste ano encontrei um grupo com os mesmos princípios que os meus e me convidaram para participar de projeto para tentar mudar a cidade e tudo fez sentido, então aceitei.”

Atualmente, de acordo com as estatísticas eleitorais do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), no Brasil, apenas 1.421 dos candidatos aptos têm entre 18 a 19 anos, representando 0,44% do total de postulantes aos Legislativos.

Para a cientista política da Faculdade de Escola de Sociologia e Política de São Paulo Jacqueline Quaresemin, isso é reflexo da recente e ínfima participação da juventude na política do País. “O desencanto com a política acabou afetando esses jovens nas últimas duas décadas. Se você fizer um levantamento, entre as abstenções de voto nas últimas eleições, provavelmente vai haver número significativo de jovens. Há muito tempo os partidos têm acesso à verba do fundo partidário e parte desse recurso deveria ser investida em cursos de formação cidadã, mas as siglas não fazem isso. Se você não investe nesses cursos, tem-se pequena participação da juventude e um desencantamento, que fazem com que esse segmento se afaste ainda mais”, argumentou.

MBL apostará em tucanos em Sto.André e S.Bernardo

RAPHAEL ROCHA

Organização à frente das manifestações pró-impeachment de Dilma Rousseff (PT), o MBL (Movimento Brasil Livre) decidiu, no Grande ABC, apoiar políticos tradicionais e do PSDB.

Na semana passada, o bloco anunciou adesão à candidatura de Paulinho Serra (PSDB) à Prefeitura de Santo André. Ontem, em ato oficial, o MBL informou que, em São Bernardo, defende a eleição do deputado estadual Orlando Morando (PSDB) ao governo local.

No Grande ABC, o MBL tem apenas um candidato oficial: Júnior Moreira, postulante a uma das cadeiras na Câmara de São Bernardo pelo PSDB. Júnior Moreira foi candidato em 2008 e 2012. Há oito anos, concorreu pelo DEM e recebeu 1.678 votos. Quatro anos atrás, pelo PSDB, obteve 3.206 adesões, ficando na primeira suplência – a bancada tucana foi formada por Hiroyuki Minami e Juarez Tudo Azul. À época, Júnior Moreira alegou que a debandada do PSDB às vésperas da eleição prejudicou seu projeto político.

“Eu me comprometi com série de valores defendidos pelo MBL, como ser transparente, fiel e austero em meu gabinete, reduzindo custos na ordem de 10%, não negociar cargos por fisiologismo político, denunciar e combater todos os casos de corrupção no município, não importando o partido ou coligação”, disse Júnior, em vídeo.

Na Capital, o MBL apostará num dos líderes do movimento: Fernando Holiday, candidato a vereador pelo DEM. No Estado, organização apoiará também nomes em Guarulhos, Valinhos, Pirassununga, Campinas, Araras, Americana, Praia Grande, Sorocaba, Rio Claro e Itu. 




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