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Testemunha relata como foi o ataque a Uday e Qusay
Do Diário OnLine
Com AFP
23/07/2003 | 09:59
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Kefar Mahmud, um vizinho da casa em que os filhos de Saddam Hussein foram encurralados e mortos pelas forças americanas, testemunhou o tiroteio que acabou nas mortes de Uday e Qusay, na última terça-feira, em Mossul (norte do Iraque).

Ao retornar para casa, por volta das 10h (local) de terça, Mahmud viu soldados americanos batendo na porta da luxuosa moradia do líder tribal xeque Nawaf Mohamed Al Zaidan. "Os militares fizeram o xeque e seu filho saírem da casa e os levaram para uma casa vizinha, a de Ahmed Tahar Zenawa, um cidadão curdo, a quem Nawaf revelou que Uday e Qusay estavam em sua casa", explicou o vizinho.

Usando um megafone, os soldados ordenaram a saída das pessoas que ocupavam a mansão do líder tribal. Segundo Mahmud, duas granadas foram lançadas do interior da casa contra os soldados, que reagiram prontamente. O tiroteio durou quase duas horas.

A testemunha contou que os americanos tiveram de tirar os quatro cadáveres de dentro da casa. Ele não conseguiu ver se os soldados atingidos morreram ou apenas foram feridos. As tropas detiveram o xeque e seu filho no momento do assalto.

Mahmud descreveu o dono da mansão atacada como um rico empresário de Mossul, a quem Saddam Hussein havia encarregado a construção da nova mesquita da cidade. Ele contou que o xeque Zaidan é oriundo de Sinjar, a 100 quilômetros de Mossul (400 quilômetros ao norte de Bagdá), mas a família dele é de Tikrit, o reduto e cidade natal de Saddam Hussein.

A mansão de Zaidan ficou sob forte vigilância dos soldados americanos nesta quarta-feira. Um grupo de curiosos se reuniu atrás da cerca de arame farpado que impedia o acesso à casa, que sofreu sérias avarias na fachada e na parte de trás.

A população ficou dividida em relação aos acontecimentos de terça-feira. Muitos curdos expressaram satisfação. Abdallah Malalah se declarou "muito contente". Mas um árabe declarou que "a ocupação não agrada, embora os americanos nos tenham livrado dessa gente (Uday e Qusay)".

Um morador de Mossul que pediu anonimato lamentou a ocupação, dizendo que "logo todas as nossas casas estarão como a do xeque". "Ficamos isolados atrás de uma cerca de arame farpado como animais", disse outro homem, em referência ao dispositivo de segurança instalado pelos soldados.

Batalha renhida - Outras testemunhas do combate disseram que a batalha durou quase seis horas e foi muito intensa. As fontes contaram que helicópteros americanos dispararam mais de 20 mísseis contra a casa de Nawaf Al Zaidan, reduzindo o prédio a escombros.

O general Ricardo Sanchez, comandante das forças americanas de terra no Iraque, informou oficialmente que Uday e Qusay "morreram durante uma feroz batalha". Ele contou ainda que os filhos do ditador "resistiram à prisão".

Aparentemente, o paradeiro dos filhos de Saddam Hussein foi revelado pelo próprio dono da casa, Nawaf Al Zaidan, que queria se livrar da dupla e dos guarda-costas deles, segundo um parente de Zaidan que pediu para não ser identificado. No começo deste mês, a administração americana no Iraque ofereceu uma recompensa de US$ 15 milhões por informações sobre o paradeiro de cada um dos irmãos – o prêmio para quem denunciar Saddam Hussein é de US$ 25 milhões.

Qusay, 37 anos, era o chefe das forças especiais de segurança iraquianas e figurava como o ás de paus no baralho dos 55 mais procurados do antigo regime iraquiano. Uday, o ás de copas, tinha 39 anos e liderava o grupo paramilitar Fedayeen de Saddam.




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