O vereador de Diadema Milton Capel (PV) confirmou ontem sua retirada da disputa eleitoral de outubro e, consequentemente, sua aposentadoria política após 40 anos ininterruptos de mandato no Legislativo. Detentor de maior número de legislaturas na região – nove ao todo –, o verde fez o anúncio de forma inesperada, uma vez que já tinha registrado candidatura para tentar emplacar décimo triunfo consecutivo na Câmara.

No arco que apoia a reeleição do prefeito Lauro Michels (PV), o parlamentar confirmou que homologou o nome de seu filho, o advogado Rodrigo Capel (PV), 30 anos, na corrida eleitoral. Ele vai utilizar os mesmos número e nome na urna (Capel), a fim de assegurar presença no Legislativo.

Um dos motivos destacados pelo veterano político, de 66 anos, para desistir do pleito foi o pedido de impugnação ao registro de sua candidatura, que tramita no TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo). A ação partiu depois de o TCE (Tribunal de Contas do Estado) condenar contas da Câmara em 2008, período em que Capel presidiu a Casa por sete meses – na maior parte do tempo a Câmara foi comandada pelo petista Marquinhos Ernandez. Capel nega irregularidades.

“Eu já estava me sentindo cansado, esgotado da política. Estou com algumas dificuldades na saúde, que precisam de atenção. Conversei com a minha família. Este problema na Justiça contribuiu. Apesar de ser inocente e do processo ainda tramitar, decidi renunciar e deixar meu filho seguir. A minha parte foi cumprida”, disse.

Arquiteto nascido em Cornélio Procópio, no Paraná, Capel foi eleito vereador pela primeira vez em 1976, aos 26 anos, sendo um dos mais jovens da história a chegar ao Legislativo. Na ocasião, era filiado à extinta Arena, partido criado com a finalidade de dar sustentação política ao governo militar no País. Naquele pleito, Lauro Michels (tio-avô do atual prefeito) venceu eleição à Prefeitura, pelo MDB. Desde a primeira vitória, há quatro décadas, Capel transitou pelo PMDB, PPS e PV. Em 1992, foi o candidato mais votado do pleito municipal. Presidiu a Câmara em três oportunidades.

O político se caracterizou por defender anistia e regularização para pequenas adequações de imóveis na cidade. Politicamente, foi discreto, transitando entre bancadas de situação e oposição sob gestão de seis prefeitos diferentes. Acompanhou de perto toda ascensão do PT – o partido venceu sua primeira eleição na história justamente em Diadema, em 1982, com Gilson Menezes (hoje no PDT), e ficou à frente do Paço por seis mandatos. “Busquei fazer meu trabalho para ajudar Diadema e população. Acompanhei muitos prefeitos e tentei colaborar”, resumiu.