O medo, por pouco, não cessou a carreira de uma das principais atletas do Brasil na atualidade. Fabiana Murer, do salto com vara, revelou ontem que a estressante rotina de treinos e competições a fez refletir sobre parar de competir, um mês antes do Mundial. Mesmo assim, contraditoriamente, sem preparo adequado, ela conquistou medalha de ouro inédita para o atletismo brasileiro.

"Não foi fácil a temporada na Europa na metade do ano. Senti medo de pegar na vara, de saltar e acontecer algo de ruim. Perdi vários treinamentos por conta dessa fobia. Fui para o Mundial desacreditada, meu técnico (Elson Miranda, que também é seu marido)não achava que eu estaria na final, mas consegui fazer grandes marcas e fiquei com o ouro", revelou a atleta da BM&FBovespa/São Caetano.

Recuperada, Murer usou o problema que teve para explicar a decisão de abrir mão da temporada indoor, quando defenderia o título mundial. "Justamente pelo que aconteceu percebi que preciso de um tempo para descansar a cabeça, ver as outras competindo e sentir aquela vontade de estar lá. Muitos treinos não ajudam, acabam te casando e não dão resultados. Vou treinar por sete meses focada na Olimpíada", conta a atleta, que saiu de férias ontem e retorna aos treinos em dezembro.

Mesmo consciente que seu maior desafio atualmente é psicológico, Fabiana, pelo menos por enquanto, recusou acompanhamento. "Tenho uma psicóloga à disposição na equipe, mas na ocasião não dava para usar porque estava na Europa e ela no Brasil. Mas agora estou bem, me sentindo satisfeita e com vontade de competir. Espero que continue assim."

O reflexo do problema que enfrentou apareceu no Pan-Americano. Apesar da expectativa, ela ficou com a prata, perdendo o ouro para a cubana Yarisley Silva. "Sabia que não estava no melhor da minha forma física, mas estava gostando da prova, me sentindo bem. Infelizmente não consegui fazer um bom salto, cansei por conta dos erros e acabei perdendo o ouro", explicou.

Fabiana, assim como os outros atletas da BM&FBovespa que conseguiram medalha em Guadalajara, foi homenageada ontem pelo patrocinador. Os que estiveram no lugar mais alto do pódio receberam um quilo de ouro, os medalhistas de prata 500 gramas e os de bronze 250 gramas. No total, foram distribuídos R$ 1,1 milhão em prêmios.

Antes, a atleta esteve ao lado de Maurren Maggi e outros medalhistas do Pan no Palácio dos Bandeirantes, onde foram homenageadas pelo governador Geraldo Alckmin.

Fora da São Silvestre, Marílson agora foca vaga em Londres

Principal fundista do Brasil, Marílson Gomes dos Santos não deve participar da São Silvestre no fim do ano. Depois de conquistar o ouro nos 10 mil m dos Jogos Pan-Americanos, o atleta da BM&FBovespa/São Caetano quer descansar e focar na obtenção do índice para a Olimpíada de 2012.

"Agora só estou pensando em descansar e curtir um pouco a família. Não devo correr a São Silvestre, mas se estiver me sentindo bem e meu técnico (Adauto Domingues)achar que devo competir eu corro, mas acho pouco provável que isso aconteça", ressaltou.

A meta do corredor é o índice para Londres. Na última tentativa que teve, na Maratona de Chicago, no início de outubro, ele refugou e acabou abandonando.

"Não decidi em qual prova vou correr pela vaga na Olimpíada. Provavelmente seja na Maratona de Londres, em abril", revelou. "Não me sinto pressionado porque sei que tenho condições. O que preciso é focar no índice e esquecer o resto", finaliza.