Eleições 2016 Titulo Crise de identidade
Na 1ª semana de eleição, petistas escondem os símbolos

Com desgaste da sigla, prefeituráveis fazem materiais de campanha evitando tradicionais marcas

Fábio Martins
Leandro Baldini
22/08/2016 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


A primeira semana de campanha eleitoral mostrou a nova roupagem das candidaturas petistas no Grande ABC, terra onde nasceu o PT, que passa pela mais grave crise institucional de sua história. Na tentativa de minimizar o desgaste político, os postulantes à Prefeitura pelo petismo na região têm maquiado ou até mesmo escondido as clássicas marcas do partido, como a cor vermelha e a tradicional estrela nos materiais produzidos para propagar o início da corrida pelo voto.

O layout do material do prefeito de Santo André, Carlos Grana (PT), é predominantemente amarelo, abandonando a estrela. No lugar da simbólica marca do petismo, uma mistura de elementos com diversas cores, tendo o número 13 no centro, caracterizado de branco, bem diferente da arte da campanha de 2012, quando havia maciço uso do vermelho. “Não sou candidato de um partido, senão temos que colocar os 11 da coligação. Não está em questão sigla A ou B e sim o melhor projeto. Quanto ao elemento, representa justamente essa união. Mas todo mundo sabe que eu sou do PT”, alegou Grana. Neste momento, o jingle também não menciona mais o exaustivo “é 13, é 13, é 13” da disputa anterior. De maneira sutil, o áudio trata apenas “agora é só apertar ‘um’ e ‘três’”.

Candidato escolhido para representar o PT em São Bernardo, o ex-secretário Tarcisio Secoli tem evitado inflamar o petismo em suas atividades. Ele põe como alvo as ações do governo Luiz Marinho (PT). No material, o tom é contrastante com outras concorrências. Não contém as iniciais PT. A estrela e o 13 estão na cor amarela, com o fundo vinho. Com Marinho em 2008 e 2012, as peças publicitárias davam ênfase à exposição da sigla e à estrela. “Eu não vou esconder minha história nunca”, refutou o prefeiturável, na convenção. Coordenador da empreitada de Tarcisio, o deputado estadual Luiz Fernando Teixeira (PT) frisou que o foco do projeto são propostas. “Não tem como nacionalizar campanha municipal. Temos sim orgulho do partido, que muito contribuiu socialmente com o País.”

Líder do projeto petista em São Caetano, Márcio Della Bella manteve as cores da sigla, porém, escondeu a descrição e diminuiu a exposição da estrela. No discurso, rejeitou ocultar o PT. “Eu jamais esconderia e acho que não tem essa vergonha de ninguém, porque no fundo o eleitor sabe quem é do PT. Se fosse por medo da perda de voto, teriam deixado o partido. Cada um (candidato) tem sua estratégia em divulgar seu material”, ponderou.

A instabilidade influenciou também a empreitada de Manoel Eduardo Marinho, o Maninho, representante da empreitada em Diadema, cidade onde o PT venceu mais vezes (seis ocasiões) e teve a primeira vitória (em 1982, com Gilson Menezes, hoje no PDT). A ampla exposição do PT nas peças está mais discreta. A cor vermelha está ofuscada por tons de colorido e a estrela desta vez ficou vazia, apenas com o contorno na coloração tradicional.

A exemplo dos correligionários da região, Maninho negou que a crise tenha reflexo nos materiais produzidos para a campanha. “Aqui em Diadema é diferente. Temos história de transformação. A base foi criada na cidade. Em muitos materiais há a estrela do partido”, pontuou. O discurso foi reforçado pelo ex-prefeito Mário Reali, presidente local da sigla e um dos coordenadores da corrida sucessória. “Temos diversas maneiras de trabalhar a imagem do PT, mas principalmente na eleição municipal conta muito o que foi feito na cidade e, neste aspecto, temos muito a nosso favor”, defendeu o dirigente.

Candidato à reeleição em Mauá, Donisete Braga (PT), não foi localizado para comentar o assunto. O mauaense foi outra figura política a iniciar a eleição camuflando o petismo, já na convenção. O vermelho que revestia as campanhas petistas deu lugar ao azul e a clássica estrela foi alterada. Apesar da postura, a cidade possui um dos maiores contingentes de filiados no Estado.

Em Ribeirão Pires, as artes publicitárias do prefeiturável Renato Foresto (PT), em alguns casos, aparecem com a estrela amarela. O candidato rechaçou qualquer restrição. “Não vejo problema. Não precisamos esconder nada. Na cidade fizemos governo eficiente com a Maria Inês (Soares).” O material do pleiteante de Rio Grande da Serra, Claudinho da Geladeira (PT), contém balão de conversa do aplicativo WhatsApp, preenchido de verde, com o número 13 no centro. “O pessoal sabe que sou do PT, mas tenho coligação. Não sou só do PT, e sim candidato de todos os partidos aliados. Por isso, serão várias cores, representando conjunto de ideias”, disse o xodó do Lula da eleição de 2012.




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