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Pinochet tem 58 processos no Chile
Por Do Diário do Grande ABC
02/03/2000 | 09:26
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Quando o ex-ditador Augusto Pinochet regressar ao Chile, após quase 17 meses de detençao em Londres, deverá enfrentar 58 processos, abertos em vários nos tribunais de seu país.

A extradiçao de Pinochet à Espanha, para ser julgado por violaçoes aos direitos humanos, em seu governo (1973-1990), foi negada esta quinta-feira pelo ministro do Interior britânico, Jack Straw, por razoes de saúde. Com isso, o general de 84 anos está liberado para voltar ao Chile.

Em Santiago, o juiz Juan Guzmán Tapia, designado para o caso com plenos poderes, acumula em suas maos todas as queixas contra o ex-ditador.

A primeira denúncia foi apresentada em janeiro de 1998 pela secretária-geral do Partido Comunista, Gladys Marín, dois meses antes que Pinochet entregasse o comando do Exército para se tornar senador vitalício. Em sua apresentaçao, a dirigente acusou Pinochet de ``genocídio, seqüestro, associaçao ilícita e exumaçao ilegal' de centenas de militantes do partido.

A essa açao, se somou no mês seguinte a Associaçao de Familiares de Presos Desaparecidos, que o responsabilizou pelo sumiço de 1.198 opositores a seu regime.

Após a detençao de Pinochet em Londres, em 16 de outubro de 1998, quando o juiz espanhol Baltasar Garzón iniciou os trâmites para conseguir sua extradiçao, o juiz Guzmán recebeu em seu tribunal uma onda de novas denúncias do Sindicato dos Maestros, da Associaçao Nacional de Empregados Fiscais, da Associaçao de Familiares de Executados e de numerosos particulares.

A última queixa, em 28 de janeiro, foi apresentada por um grupo de 643 ex-presos políticos ``torturados' durante o regime militar, segundo a documentaçao do advogado Eduardo Contreras.

A Comissao de Verdade e Reconciliaçao, que foi constituída na restauraçao da democracia, em 1990, acredita que durante o regime militar 3.197 opositores à ditadura morreram vítimas da violência política, mas Pinochet nunca admitiu que em seu governo tenham sido praticadas violaçoes aos direitos humanos.

Em sua última negativa, no início de novembro, Pinochet se recusou a contestar um questionário remetido a Londres pelo juiz Juan Guzmán e devolveu em branco o documento com as 75 perguntas que exigiam esclarecimentos sobre sua responsabilidade em fuzilamentos sem julgamentos, assassinatos, torturas e desaparecimento forçado de opositores.

Para continuar o processo no Chile, o juiz deverá estudar agora o fim da imunidade parlamentar de Pinochet, já que ele é senador vitalício.




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