Setecidades Titulo Transporte
Sto.André sucateia
a frota municipal

Veículos da Prefeitura estão degradados e põem em risco
segurança de funcionários, além de comprometer trabalho

Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
22/02/2012 | 06:30
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Ferrugem, problemas mecânicos, pneus carecas. Esse é o retrato de parte da frota da Prefeitura de Santo André utilizada para executar serviços de manutenção do patrimônio e orientação do trânsito. Em más condições, os veículos colocam em risco a segurança dos funcionários públicos e da população, além de comprometer a qualidade do trabalho prestado.

A equipe do Diário percorreu três espaços que funcionam como estacionamento desses veículos. O local que abriga os caminhões e caminhonetes em pior condição de uso é o pátio da Sosp (Secretaria de Obras e Serviços Públicos), na Avenida Capitão Mário Toledo de Camargo, na Vila Luzita, ao lado do AME (Ambulatório Médico de Especialidades).

No momento da visita, cerca de 15 veículos permaneciam estacionados. Desse total, dez apresentavam claras condições de degradação. Entre os veículos parados estavam dois caminhões-tanque tomados pela ferrugem. Algumas caminhonetes estavam com as lanternas quebradas, além de diversos amassados pela lataria e até na placa. A situação também foi vista no pátio do Depav (Departamento de Parques e Áreas Verdes), no bairro Valparaíso.

Os problemas se estendem ao interior dos veículos, com bancos rasgados, portas danificadas e problemas mecânicos. Um dos caminhões flagrados pelo Diário nas proximidades do Polo Petroquímico expelia grande quantidade de fumaça preta.

Segundo funcionário da Prefeitura, que preferiu não se identificar, são frequentes as brigas entre empregados e chefia por conta da falta de manutenção. “O pessoal fica com medo de dirigir um carro desses e acabar sofrendo acidente. Há muito problema de freio, motor e embreagem, principalmente”, relata. “A Prefeitura até adquiriu alguns carros novos recentemente, mas a medida é insuficiente”, acrescenta.

O diretor do Sindicato dos Servidores de Santo André, Wagner do Nascimento, denuncia que as vistorias ambientais no Parque Andreense não estão sendo feitas por falta de viaturas que realizem a operação. Outro problema é o reaproveitamento de veículos antigos. “Na Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André), 70% dos carros eram utilizados pela Câmara antigamente.”

Nascimento acrescenta que a dificuldade enfrentada para conservar a frota começa na oficina mecânica, localizada no bairro Las Vegas. “Faltam peças e equipamento de trabalho. Muitas vezes o carro tem de ficar parado por não haver itens de reposição.” O diretor explica que também falta treinamento de modernização e reciclagem profissional para os mecânicos. “Se chega um dos carros mais novos para passar por manutenção, eles têm dificuldade para consertá-los, pois o curso que fizeram é para arrumar os mais antigos.”

 

CARROS BATIDOS -O sindicalista denuncia irregularidades no procedimento da administração municipal quando funcionários se envolvem em pequenos acidentes com o carro da Prefeitura. “Muitas vezes, eles cobram que o empregado pague pelo conserto, mas, depois que o valor é acertado, o veículo continua amassado.”

 

Ambulâncias têm desgaste no freio e nas travas das portas

A má conservação dos veículos de Santo André também se estende a ambulâncias e viaturas do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência). Segundo funcionários ouvidos pelo Diário, que pediram para não serem identificados, são comuns problemas de freios e suspensão e até falhas no sistema de travas das portas, o que coloca em risco a segurança de pacientes e equipe médica.

“Houve uma vez em que o freio da viatura estourou no meio de um chamado. Por sorte, o motorista era habilidoso e conseguiu segurar o veículo na marcha reduzida e, assim, evitar acidente”, contam.

Os funcionários afirmam que parte das ambulâncias municipais pintadas na cor azul é apresentada como novas pela Prefeitura, mas já integrou o quadro de veículos do Samu antes da mudança. “Por dentro está tudo sucateado. Os bancos são remendados com esparadrapos, o assoalho está quebrado. É lamentável.”

Segundo empregados, outro problema é a falta de seguro nas ambulâncias. “Quando tinha seguro, a remoção era imediata em caso de problemas. Agora, ficamos na dependência dos guinchos da Prefeitura

Há pouco tempo, uma ambulância quebrou por volta das 9h na Petroquímica e só foi removida por volta das 13h.”

Em março, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, esteve em Santo André para lançar a pedra fundamental da UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Jardim Santo André e entregar ao município seis viaturas zero-quilômetro para o Samu. Os trabalhadores reclamam, no entanto, que o número ainda é insuficiente.

 

Município nega deterioração e diz que manutenção é constante

A idade média da frota municipal de Santo André é superior à dos 27 Estados do País. Segundo a Prefeitura, os caminhões têm idade média de 15 anos e os veículos leves, dez. Somando os dois, a idade média é de 12 anos e meio. Segundo o Sindipeças (Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores), a média nacional é de oito anos e dez meses.

A administração explica que o investimento anual da Sosp (Secretaria de Obras e Serviços Públicos) é de R$ 1,9 milhão e que o orçamento 2012 para renovação da frota e aquisição de equipamentos de oficina é de R$ 3,2 mi. O município afirma que a substituição dos veículos vem sendo feita de forma gradativa nos últimos três anos.

O Executivo diz que o percentual de veículos em manutenção corresponde a 5% do total. O município não informa a quantidade de veículos da frota. O Sindserv estima que seja em torno de 700 veículos. A Prefeitura sustenta que 600 veículos passem mensalmente pela oficina.

O município informa ainda que caminhões e máquinas apresentam as avarias por conta do trabalho desenvolvido, do peso carregado e dos locais de trabalho, como terrenos acidentados e ruas estreitas. Segundo a administração, a manutenção é feita conforme a disponibilidade do veículo, de forma que não prejudique o serviço prestado.

Segundo o Executivo, pneus são trocados constantemente. Em relação à fumaça, a Prefeitura salienta que os veículos estão dentro dos limites estabelecidos pela legislação ambiental e código de trânsito.




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