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De torcedor símbolo a condutor

Apaixonado pelo EC Santo André, Esquerdinha leva animação da arquibancada às ruas

Por Dérek Bittencourt
Do Diário do Grande ABC
23/07/2016 | 07:00
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Sua história de vida se misturá a do Esporte Clube Santo André. Pelo Ramalhão, já vendeu papelão e ferro velho para arrecadar fundos e manter o futebol vivo, já viajou pelo Estado, País e até outros países da América do Sul para torcer – mesmo sendo a única voz –, já trabalhou nos mais variados tipos de atividades para conseguir ter dinheiro para assistir aos jogos, entre diversas outras aventuras pela equipe andreense. Este é um resumo do perfil do torcedor símbolo ramalhino, Eduardo Braghirolli, o Esquerdinha.

E quem o conhece ou já o viu com sua Brasília ou bicicleta customizadas a cada momento com um tema – geralmente o Ramalhão, mas atualmente a Tocha Olímpica –, sabe que este senhor de 54 anos tem espírito festeiro e, desta maneira, promete que os 250 metros que percorrerá na Avenida D.Pedro II serão únicos. Para isso, inclusive, preparou kits – os quais guardou segredo da composição, mas que devem pintar o percurso da chama de azul e branco, cores ramalhinas.

“Ser escolhido numa cidade de 700 mil habitantes para mim é único. Não vou dizer que é o maior momento de emoção, porque foi o nascimento da minha primeira filha, mas com certeza é o mais marcante, vou levar para o resto da vida. Meus netos e bisnetos vão dizer um dia: meu avô carregou a Tocha Olímpica. Não tem prêmio mais gratificante, vai ser muito emocionate”, declarou. “Tenho de deixar meu legado. Com mais de 35 anos de torcida organizada, passei algo para alguém. Estamos preparando com humildade umas surpresas. Pode ter certeza que minha passagem ficará marcada. Sempre do meu jeito: diferente”, prometeu.

Mas quem vê tanta alegria talvez não saiba das superações de Esquerdinha, tanto para assistir aos jogos do clube do coração quanto para viver. “Em 54 anos eu fiz de tudo. Meu pai sempre colocou que a gente tinha de arrancar tijolo na unha, superar as dificuldades. Nisso fiz várias loucuras para poder ver jogo: lavava túmulo, vendia pipa na feira, trabalhei no boliche devolvendo bolas, buscava bolinhas de tênis no mato, fui fotógrafo de porta em porta, servente de pedreiro... Depois, segui os passos do meu pai e fui trabalhar numa transportadora. Foram 28 anos como motorista, conhecendo o Brasil afora. Sofri acidente grave, precisei refazer um lado da cabeça com 15 centímetros de titânio, mais de 15 parafusos, perdi 97% de uma vista, mas superei”, relembrou.

No currículo de arquibancada, são mais de mil jogos do Santo André, muitas vitórias, alguns títulos, diversas loucuras – como ser o único na torcida pelo time no duelo contra o Cerro Porteno, do Paraguai, pela Libertadores de 2005 – e uma decepção: por conta de um chefe torcedor do São Caetano, perder a final da Copa do Brasil de 2004, na qual o Ramalhão calou o Maracanã. “Não gosto nem de lembrar.”




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