Economia Titulo No faturamento real
Comércio varejista tem queda de 7,4% no faturamento real

Valor arrecadado em janeiro foi R$ 193
milhões inferior ao registrado no início de 2015

Por Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
24/04/2016 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC:


O faturamento do comércio varejista no Grande ABC teve queda real (descontando a inflação) de 7,4% em janeiro na comparação com o primeiro mês de 2015, segundo dados divulgados nesta semana pela FecomercioSP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo). Em números absolutos, a receita passou de R$ 2,6 bilhões para R$ 2,407 bilhões – R$ 193,1 milhões a menos.

Em relação a dezembro, a retração foi ainda maior: -24,1%, o equivale a uma diminuição de R$ 764,3 milhões na receita. A redução, entretanto, é comum para o período, já que o comércio tradicionalmente registra aquecimento no último mês do ano em razão das compras de Natal.

O economista Guilherme Dietze, assessor da FecomercioSP, destaca que os dados são preocupantes, já que são negativos mesmo diante de uma base de comparação fraca. Para se ter ideia, em janeiro de 2015, o setor já havia registrado queda, de 8,4%, em relação ao início de 2014.

Na variação de 12 meses, as lojas de vestuário, tecidos e calçados foram as mais afetadas pela crise, com queda de 39,6% no faturamento. O segmento arrecadou R$ 150,1 milhões em janeiro – R$ 98,4 milhões a menos do que no mesmo período do ano passado. As farmácias e perfumarias registraram perdas de R$ 38,825 milhões, o equivalente a uma redução de 18,8%.

Esses dois tipos de estabelecimentos comerciais são os mais prejudicados porque, diante do cenário de recessão e de instabilidade na economia do País, os consumidores passam a evitar gastos considerados supérfluos. Apesar de trabalharem com itens de primeira necessidade, as farmácias passaram a ter forte atuação na área de cosméticos, produtos que podem ser deixados em segundo plano em situações de orçamento comprometido.

As concessionárias de veículos faturaram 7,5% a menos do que em janeiro de 2015. Em números absolutos, a diminuição foi de R$ 26,1 milhões. O ramo de atividade que abrange eletrodomésticos, eletroeletrônicos e lojas de departamento teve as receitas reduzidas em 10,2%, R$ 25,1 milhões abaixo do que o contabilizado 12 meses antes.

“Esses dois segmentos, por comercializarem produtos com preços mais elevados, dependem muito do crédito para que os consumidores possam efetuar as compras. Com aumento na restrição por parte das instituições financeiras, as vendas naturalmente caem”, explica Dietze. Em momentos de instabilidade econômica, os bancos ficam mais seletivos na aprovação de operações de crédito, pois avaliam que há maior risco de inadimplência. Soma-se a esse fator os juros elevados no País: a Selic, taxa básica usada como referência para definição de outros índices, está fixada, desde julho de 2015, em 14,25% ao ano.

A insegurança dos clientes também impacta na queda do faturamento nesses estabelecimentos, já que os compradores temem fazer dívidas de médio e longo prazos e não conseguir honrar com os pagamentos. “A confiança é o que lubrifica toda a cadeia econômica. É preciso que haja alguma mudança para que volte a existir otimismo”, acrescenta o economista.

O ramo de materiais de construção sofreu retração de 14,6% nos ganhos, passando de R$ 211,2 milhões para R$ 180,4 milhões (R$ 30,8 milhões a menos). O segmento é afetado pela diminuição na atividade imobiliária.

Por outro lado, os supermercados tiveram o faturamento elevado em 5,3%, enquanto autopeças e acessórios veiculares registraram alta de 19,2%.

Dietze salienta que o desempenho do varejo deve permanecer ruim pelos próximos meses. Isso porque os indicadores referentes ao trabalho mostram que o desemprego continua aumentando na região: no período de 12 meses encerrado em março, 48.253 vagas com carteira assinada foram fechadas no Grande ABC. Com a queda na massa de renda da população, naturalmente caem também os gastos no comércio.

GERAL

No Estado, o faturamento do setor teve queda de 4,7% em relação a janeiro de 2015, passando de R$ 46,3 bilhões para R$ 44,3 bilhões. Cinco regiões tiveram variação negativa maior do que a registrada no Grande ABC: Sorocaba (-7,6%), Ribeirão Preto (-8,3%), Guarulhos (-8,4%), São José do Rio Preto (-9,8%) e Osasco (-12,6%). Apenas duas localidades apresentaram aumento na receita: Marília (1,3%) e Litoral (8,3%). 




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