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Flanelinhas de túmulos lucram no Finados
Rogério Gatti
Do Diário do Grande ABC
02/11/2006 | 20:19
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O Dia de Finados na região foi marcado por grande movimento de pessoas e muita emoção nos cemitérios. A visitação aos túmulos foi maior pela manhã. A temperatura era amena e estava nublado, mas a chuva não passou de ameaça, deixando para cair forte somente no meio da tarde, por volta das 16h.

Nos maiores cemitérios da região, era possível ver as pessoas acendendo velas e decorando os jazigos de familiares com flores. Enquanto alguns lembravam de bons momentos juntos, outros choravam pela vida interrompida de forma brusca e inesperada. Esse era o caso do motorista de ônibus Jacinto Gonçalves Guerra, 47 anos.

Jacinto acendia um vela no cemitério Curuçá, o mais movimentado de Santo André. De joelhos, olhava para uma placa onde estava a foto de sua namorada, morta em novembro de 2003. Abaixo da imagem, a frase: “Você não me esperou. Saudades”.

O motorista contou que se casaria com Josefa da Silva em novembro de 2003. “Tivemos uma briga por causa de ciúme, pois me falaram que ela havia me traído. Então eu decidi adiar o casamento para janeiro”, conta Jacinto.

Josefa tinha apenas 17 anos e esperava um filho dele. Segundo o motorista, ela não conseguiu superar a briga e a decepção de adiar o casamento. Há poucos dias da data inicialmente marcada para a cerimônia, Jacinto conta que a então namorada se envenenou com um raticida e morreu, deixando apenas um bilhete onde dizia que jamais havia se deitado com outro homem além do motorista. “Eu a amava muito. Hoje eu tenho um fantasma em minha vida, uma mulher com quem não me casei mas que sempre vou amar”, dizia em meio a lágrimas.

Já no cemitério da Saudade, em Vila Assunção, um tipo de serviço chamava a atenção, eram os flanelinhas de túmulos. Equipados com vassouras, um balde, sabão e panos, os limpadores ofereciam seus serviços com preços que variavam entre R$ 5 e R$ 10.

José Serafim de Lucena, de 63 anos, já estava limpando o segundo túmulo por volta das 10h30. “Hoje vou limpar uns 10”, apostava. A concorrência era grande. Na porta do cemitério, eram vistos ao menos 20 pessoas oferecendo o serviço. Lucena afirnou que não temia. “Eu sou o único que usa detergente”, gabava-se.

Comércio – Os comerciantes tiveram motivos para comemorar o feriado. Com o grande movimento pela manhã, as vendas dispararam. “Esse ano realmente está bem melhor do que o ano passado”, afirmou Denise Vieira, dona de uma floricultura em frente ao cemitério da Saudade. Segundo ela, o vaso com crisântemos no valor de R$ 5 era disparado o mais procurado.

No cemitério de Vila Euclides, em São Bernardo, as velas foram um dos itens mais procurados pelos visitantes. “Trouxemos quase 3 mil unidades. Pelo jeito vai acabar antes de o cemitério fechar”, previa Adilson Melo, responsável pela barraca ligada a uma paróquia. Por volta das 13h, Adilson já havia vendido mais da metade do estoque.



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