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‘Hoje, a Volkswagen estaria fechada’
Por Luciele Velluto
Do Diário do Grande ABC
27/05/2007 | 07:06
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Metalúrgico da Ford, José Lopez Feijóo, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, afirma que nunca tinha vivenciado uma negociação tão difícil como o processo de reestruturação da Volkswagen do Brasil no ano passado.

O dirigente acredita que se o movimento sindical não tivesse intercedido nas atividades da montadora nos últimos anos, a empresa não estaria mais com sua planta no Grande ABC, o que levaria a conseqüências desastrosas para toda a região.

O sindicalista acredita que a reestruturação que atravessa a Volks está além dos problemas com o dólar, com as exportações e a forte concorrência com outras montadoras no mercado interno. Para Feijóo, o problema se deve mais a uma mudança global que a marca está encabeçando no mundo inteiro para tirar suas fábricas do vermelho e elevar a lucratividade. Mesmo assim, diz que o sindicato enfrentou o problema e cumpriu o seu papel, buscando amenizar o inevitável: as demissões.

DIÁRIO – O episódio Volkswagen foi um dos mais difíceis enfrentados por você como presidente do sindicato?

JOSÉ LOPEZ FEIJÓO – Nós vivemos um período muito duro na Volkswagen no ano passado. Mas se olharmos o que ela era, para onde caminhava, e o que é hoje e para onde vai, acho que a luta valeu, foi dura, mas foi boa. A VW é a mais antiga da nossa base, estava sendo preparada para ser fechada.

DIÁRIO – Você acredita que a Volks poderia estar fechada hoje?

FEIJÓO – Era certeza. A fábrica estava sendo sucateada. Havia um problema de guerra fiscal, que era muito mais barato fazer uma fábrica fora do que reformar uma antiga. Começamos um processo de luta que resultou, ao invés do fechamento, um processo gradativo de reestruturação. Se contabilizarmos tudo o que passamos é uma enorme vitória.

DIÁRIO – Vitória em que sentido?

FEIJÓO – A história, com toda dureza, teve que ser assim para não ser um desastre. Porque a VW queria tirar direitos, como hora extra de graça, salários menores em 35%. A enormidade da precarização nós evitamos. As demissões aleatórias, com pacote de 0,4% salário por ano trabalhado se transformaram em PDV, com 1,4%.

DIÁRIO – O plano de reestruturação chegará até o fim?

FEIJÓO – Tudo indica que a reestruturação de mais de 3 mil postos pode não acontecer nesse volume. Vide Taubaté que reabriu o terceiro turno e está contratando. Pelo aquecimento da economia, crescimento da indústria e os novos investimentos, asseguramos um futuro promissor para a VW em São Bernardo.

DIÁRIO – Qual a expectativa para o futuro econômico da região?

FEIJÓO – Tem empresas saindo, empresas se reestruturando e ficando aqui e tem as que estão vindo. Uma região que tem o quarto mercado consumidor do País, classe trabalhadora com poder de consumo e capacitada, infra-estrutura com duas rodovias, Rodoanel e Ferroanel chegando, além do Porto de Santos aqui do lado, para quem exporta ou importa, fornecedores no local. Porque não viriam para a região?

DIÁRIO – Na sua opinião, a discussão da Emenda 3 vai longe?

FEIJÓO – Se eu fosse parlamentar, eu pensaria mais de três vezes antes de dar meu voto por algo que vai gerar uma instabilidade social brutal. Se um trabalhador está em uma empresa que não o respeita, não o valoriza, como isso pode ser positivo para o mercado de consumo e, por conseqüência, para uma empresa? Isso é um desastre do ponto de vista social e econômico, do mercado de consumo, do compromisso com os produtos feitos.

DÍÁRIO – E a representação de Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra?

FEIJÓO – Estamos em um processo de acordo bastante importante e acelerado para acabar com o litígio que já dura 12 anos.



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