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Falta de estrutura ‘engessa’ bombeiros
Verônica Fraidenraich
Do Diário do Grande ABC
20/04/2006 | 07:55
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Se houver um incêndio hoje no Jardim Zaíra, em Mauá, ou nos bairros das redondezas, não é certeza de que o Corpo de Bombeiros conseguirá apagá-lo. Soldados que trabalham no posto – um dos dois existentes na cidade – dizem que os três veículos do Jardim Zaíra estão sucateados. Terça-feira, dois deles – um autotanque e um autobomba, ambos utilizados em incêndio – estavam no conserto. Disponível, havia apenas a unidade de resgate. Em caso de urgência, os bombeiros acionam o posto da Vila Noêmia.

Quarta-feira, o motor de partida do autotanque havia sido consertado e o caminhão estava pronto para funcionar. Mas os bombeiros dizem que esse não era o único problema do veículo. Eles dizem que o tanque do caminhão fabricado em 1987 possui várias rachaduras. Por causa disso, o compartimento – que tem capacidade para 6 mil litros de água – só é cheio no momento da ocorrência. Processo que demora pelo menos dez minutos. “Se o incêndio for próximo do quartel e a gente demora, a população pensa que é má vontade, mas é porque estamos enchendo o tanque”, diz um dos soldados que não quis se identificar. “Perde pelo menos um tanque (de água) por dia. Se enche hoje, amanhã não tem mais nada”, exemplificou outro soldado.

O quartel do Jardim Zaíra é responsável por cerca de 20 bairros, entre eles bairros populosos como Itapark, Itapeva, Lisboa e o próprio Jardim Zaíra. “A nossa área é maior (que a do Noêmia) e mais carente”, diz um bombeiro.

O outro veículo do quartel do Jardim Zaíra em funcionamento é a picape, utilizada em casos de resgate. Esse carro serve, principalmente, para atender chamadas de acidentes de trânsito, como queda de motoqueiros e vítimas presas em ferragens, causas da maior parte das chamadas.

Os soldados dizem que o veículo também apresenta problemas. O tanque de combustível estaria com vazamento na parte superior. “Se a gente precisar usar oxigênio para atender uma vítima próximo do veículo, pode ocorrer uma combustão”, diz um deles.

Desde fevereiro, outro tipo de chamado não é feito pelos bombeiros do Jardim Zaíra: o corte de galhos e de árvores. Os soldados dizem que a única motosserra existente no quartel está quebrada. “Temos de passar pela Vila Noêmia e pegar a deles”, disse um bombeiro. Segundo ele, se a máquina estiver sendo usada, a ordem de serviço fica na Vila Noêmia para que seja realizada quando for possível.

Desde o começo do mês, o quartel também não possui mais cozinheiras. As refeições passaram a ser feitas no quartel da Vila Noêmia. Na hora do almoço e jantar, todos os bombeiros vão para a Vila Noêmia e, se há algum chamado, demoram pelo menos dez minutos para voltar ao Zaíra. “Se tiver uma ocorrência, no mínimo, a gente vai demorar mais tempo para chegar, porque no quartel do Zaíra fica somente o telegrafista”, relata um bombeiro.

Trincas ‘normais‘ – Ao ser questionada sobre os problemas, a corporação ameniza as denúncias dos soldados. Quanto ao vazamento do caminhão, informa que o veículo é de alumínio e as trincas nas soldas são consideradas “normais” em qualquer tanque. Em Mauá, o problema se agravaria devido ao terreno acidentado do município. O Corpo de Bombeiros informou ainda que sempre que constatado o vazamento, a solda é refeita. A corporação afirmou ter observado o problema no autotanque há três meses, quando o veículo foi para a oficina, e informou que há previsão de troca do veículo. Porém, não estabeleceu prazo para que isso ocorra.

Sobre a picape, o Corpo de Bombeiros informou que o tanque não está furado. Há “somente um problema de respiro da tampa do tanque, o qual já foi substituído”. A corporação informou que há uma motossera em reparo, mas que outras (não informou quantas) encontram-se em condições para o serviço operacional. As cozinheiras estão afastadas, segundo a corporação, devido a problemas de saúde. Segundo a corporação, isso não tem afetado o serviço.

Os bombeiros dizem que a série de problemas os deixam ociosos. “A gente fica de mãos atadas, teve dia de manhã nesta semana que a gente nem conseguiu sair”, resume um deles.



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