A falta de água ocasionada pela crise hídrica, que tem afetado o Estado de São Paulo ao longo de 2015, trouxe neste fim de ano mais uma dor de cabeça para moradores que vivem no Jardim Santo André. Isso porque em pleno Natal famílias que residem no bairro carente do município andreense foram pegas de surpresa com as torneiras de suas casas secas.

Segundo relatos de munícipes, o problema já havia acontecido ao longo de toda semana. “Na véspera do Natal mesmo a água só voltou às 20h30. Atrasamos tudo por conta disso, sem falar que perde o brilho da data”, relata o mestre de capoeira Read Abdullah Clovis Garbi, 40 anos.

A inconstância do abastecimento, que há dois meses tem sido mais frequente, ocasionou uma mudança de hábitos para a família de Garbi. “Agora enchemos um balde enorme de água caso precise lavar roupa ou louça. Temos duas crianças de 2 e 8 anos. Não podemos ficar desabastecidos”, reclama.

Na casa da doméstica Maria dos Santos Nunes, 42, o problema também prejudicou as festas de fim de ano. “Já faz quatro dias que estamos sem água. Falta tudo aqui. É frustrante você estar comemorando com a família e isso acontecer no Natal”, desabafa.

Moradores do Jardim Carla, em Santo André, relatam que o problema na região é ainda pior em decorrência de o bairro estar localizado em região alta do município. “Tem vezes que a água volta na casa do meu pai, que mora do outro lado da rua, mas na minha, que fica um pouco mais para cima, não chega”, relata a auxiliar administrativa Priscila Lima de Araújo, 31, que afirma ter gastado R$ 140 na compra de uma bomba que ajuda no abastecimento de sua residência.

No caso do aposentado Alexandre Pimentel, 40, a solução foi usar recursos naturais. “Como está chovendo muito, acabo captando água da chuva em baldes para usar depois. Tenho uma filha especial com síndrome de Turner, não posso ficar sem algo pelo qual estou pagando”, relata.

Procurado pelo Diário, o Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) não se manifestou até o fechamento desta edição. Entretanto, a autarquia tem justificado os problemas no abastecimento da cidade com o envio menor de água por parte da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo).