A DAS (Delegacia Anti-Seqüestro) informou ontem que 20 pessoas são suspeitas de participação no seqüestro do repórter da TV Globo Guilherme Portanova e do auxiliar técnico Alexandre Calado. Os dois reconheceram em retratos falados dois dos três homens apontados como autores do rapto ocorrido em uma padaria na avenida Luís Carlos Berrini, onde as vítimas tomavam café.

Um deles é parecido com um criminoso conhecido como Fininho, que seria um dos chefes do PCC (Primeiro Comando da Capital) na zona Sul da Capital. Outro suspeito é Carlos Antônio da Silva, o Balengo ou BL, que também exerceria liderança dentro da facção.

De acordo com o chefe da DAS, delegado Wagner Giudice, todos os suspeitos têm passagem pela polícia. Pelo menos seis pessoas participaram do crime, mas outros criminosos teriam ficado responsáveis por vigiar os reféns no cativeiro.

Os policiais fizeram ontem diligências na zona Sul de São Paulo. É nesta região da cidade que estariam os cativeiros pelos quais o repórter Guilherme Portanova teria passado. O jornalista afirmou que ficou em três cativeiros diferentes.

A Delegacia Anti-Seqüestro também investiga a participação de Maurício Hernandez Norambuena, chileno que foi mentor do seqüestro do publicitário Washington Olivetto em 2001, e do líder do PCC, Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola.

Ambos cumprem pena na penitenciária de segurança máxima de Presidente Bernardes, no interior do Estado. Norambuena é apontado como o homem que iniciou o PCC em técnicas de guerrilha e terrorismo.

Para prevenir futuros problemas semelhantes aos enfrentados pelo repórter da Globo, o Instituto Internacional de Segurança para a Imprensa vai organizar em novembro, no Rio de Janeiro, um treinamento inédito de situações de risco para 50 repórteres e profissionais da TV Globo e outras empresas de mídia.

O curso, com duração de dois dias, não tem relação com o seqüestro. A negociação foi feita no ano passado entre o instituto e o Sindicato dos Jornalistas do Rio. O instituto já treinou 512 jornalistas em 11 países, entre eles, Colômbia e Venezuela.

A entidade sugere que as empresas jornalísticas do Brasil tomem medidas preventivas “para evitar ataques que não só põem em perigo a vida de jornalistas, como restringem a liberdade de expressão”.

RDD – O TJ (Tribunal de Justiça) de São Paulo concedeu ontem habeas-corpus que retira Marcola do RDD (Regime Disciplinar Diferenciado). Apesar de os desembargadores considerarem a internação em RDD inconstitucional, Marcola continuará no regime especial, pois sua internação foi determinada em duas ocasiões: uma em janeiro deste ano e outra em maio. E o habeas-corpus refere-se somente à de janeiro.

De acordo com informações do Tribunal, o Departamento de Execuções Criminais da Capital informou que Marcola “permanece no RDD em razão de sua internação determinada desde maio, prorrogada desde o dia 14 e por mais 30 dias, a pedido da Secretaria de Assuntos Penitenciários”.

Indulto – O TJ também informou que menos de 4% dos presos da Capital liberados para a saída temporária do Dia dos Pais não retornaram aos presídios. Do total de 707 presos liberados na sexta-feira, 27 não voltaram para as cadeias até ontem. Desses 27, 23 são detentas da Penitenciária Feminina do Butantã e quatro são homens, sendo dois do Centro de Detenção Provisória Belém II e dois do Centro de Progressão Penitenciário de São Miguel Paulista.