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Assessor de José Dirceu deixará o governo
02/03/2004 | 00:26
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  O economista Marcelo Sereno, chefe de gabinete do chefe da Casa Civil, José Dirceu, deve sair do governo e assumir um cargo no PT, mas não agora. No Palácio do Planalto e no partido, a avaliação é de que, se Sereno deixasse a Casa Civil imediatamente, a administração federal daria a mão à palmatória. Em outras palavras: admitiria que as denúncias do ex-secretário nacional de Segurança Pública Luiz Eduardo Soares são corretas. O destino do chefe de gabinete da Casa Civil foi decidido nesta segunda-feira, em reuniões realizadas em Brasília e São Paulo.

No momento em que o Planalto enfrenta uma crise política – provocada pelas denúncias contra o ex-subchefe de Assuntos Parlamentares da Casa Civil Waldomiro Diniz –, Soares declarou, em entrevista à página do América Online na Internet, que havia prevenido Sereno sobre a corrupção.

Pelo relato de Soares, o chefe de gabinete de Dirceu deu de ombros para o alerta, em 2002. Diniz presidiu a Loterj (Loteria do Estado do Rio de Janeiro), e, supostamente, pediu propina ao empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e mesadas para campanhas eleitorais. Na época, Sereno era secretário-executivo do gabinete da governadora.

“Estou indignado com essas declarações e vou processar Luiz Eduardo”, afirmou o chefe de gabinete de Dirceu, que nesta segunda passou o dia no Rio. “Nunca tive intimidade com o Waldomiro.”

De qualquer forma, a nova citação da Casa Civil no noticiário acendeu o sinal amarelo na cúpula do governo e do PT, que teme uma bola de neve. Mais: diferentemente de Diniz, Sereno é da direção nacional do partido e foi da cúpula da CUT. No governo, cuidava da distribuição dos cargos.

“Eu não temo nada”, afirmou o economista, que quer ser candidato a deputado em 2006. “Vocês sabem que eu acompanhava a indicação dos partidos da base aliada. Sou a pessoa que o José Dirceu encaminhou para monitorar e participar desse processo.”

Ainda nesta segunda, importantes petistas trocaram telefonemas nervosos. A primeira opção cogitada foi afastar Sereno imediatamente, mas o governo achou que isso seria admitir a culpa. Outra hipótese aventada foi dar férias para Sereno em meados deste mês, tirando o chefe de gabinete de Dirceu do olho do furacão. Esta possibilidade não está totalmente descartada e depende do desenrolar dos acontecimentos.

A versão oficial é de que Sereno poderá sair, mais para frente, com o objetivo de “ajudar” o Grupo de Trabalho Eleitoral, formado para coordenar as eleições do PT nos municípios. Na prática, porém, a saída de Sereno é vista pelo Planalto como uma medida preventiva. O governo só espera o momento mais adequado. “Vou ajudar o ministro Dirceu no que for possível”, observou Sereno.

No PT e nos partidos que dão sustentação ao governo Lula, o chefe de gabinete do ministro da Casa Civil é conhecido como um homem que faz movimentações políticas de bastidores. Os desafetos dele dizem que ele articula uma campanha milionária, de R$ 20 milhões, para deputado federal, em 2006. Sereno atribui os comentários a ciúmes e nega irregularidades.




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