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Sem qualquer restrição para viajar, Waldomiro Diniz vive sumido
07/04/2004 | 00:49
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O ex-subchefe de Assuntos Parlamentares da Casa Civil Waldomiro Diniz vive sumido, mas sem qualquer restrição. Se quiser, pode viajar e circular livremente até mesmo para o exterior. Mesmo tendo confirmado que pediu propina para campanhas eleitorais e para ele mesmo, Diniz ainda não foi atingido por medidas restritivas da Justiça.

Por enquanto, teve apenas a quebra do sigilo no período em que foi presidente da Loteria do Estado do Rio de Janeiro (Loterj). A lentidão nas investigações é criticada não só pela oposição no Congresso, mas também nos meio jurídico.

Ex-procurador-geral da República, o advogado Aristides Junqueira criticou nesta terça-feira a demora na condução do caso Diniz e disse que há tentativa de desviar o foco do ato de corrupção para a atuação de integrantes do Ministério Público Federal (MPF). "O que me parece é que estão desviando a atenção para outros assuntos, quando o principal, que é a corrupção, fica em segundo plano. Fica discutindo-se se um procurador podia ou não fazer isso ou aquilo, querendo transformar o MP por inteiro em vilão, quando o vilão é o outro. Essa dispersão parece que faz retardar um pouco essa Justiça, que já é lenta", afirmou.

Na opinião do advogado, Diniz deveria ter sido denunciado à Justiça por corrupção. "Já estamos em abril e o caso surgiu em fevereiro", ressaltou. Nem mesmo o ex-assessor foi indiciado pela Polícia Federal (PF), apesar de haver motivos suficientes. Mesmo assim, Junqueira não acredita haver motivos para levar Diniz à prisão. "Para decretar prisão preventiva, que é algo excepcional, precisa ver se há indícios de que ele (Diniz) fugiria", disse o ex-procurador-geral da República.

Diniz só foi denunciado até agora por ter, supostamente, influenciado na renovação do contrato entre a Caixa Econômica Federal (CEF) e a empresa Gtech. O inquérito foi suspenso até que a Justiça Federal decida se aceita ou não a denúncia. As investigações só serão reiniciadas se a decisão for pelo indeferimento. Caso contrário, a apuração sobre Diniz fica encerrada, definitivamente.

Os demais fatos - recebimento de propina e tráfico de influência no período em que esteve no governo - não estão na denúncia do procurador regional Marcelo Serra Azul. "Com a atitude do Ministério Público, a PF não tem como investigar", defende-se o delegado Antônio César Nunes, presidente do inquérito. A PF estuda a possibilidade de abrir novo inquérito ou usar um outro instaurado a pedido de Diniz, em 2003. O ex-assessor alegou de que teve a honra atingida ao ser acusado numa reportagem, de ter ligação com o suposto bicheiro Carlos Augusto Ramos (Carlinhos Cachoeira).

O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Roberto Busato, também criticou a demora na apuração das suspeitas de corrupção. "Eu acho que, realmente, está havendo lentidão. Lentidão, pelo menos, na demonstração de quais medidas que o governo implementou, quais medidas estão aplicando a Polícia Federal e os órgãos governamentais que detêm essa apuração sob sua responsabilidade", afirmou Busato.

"Toda vez que se fala em Waldomiro, procura-se desviar a atenção para outro lado da questão", disse o presidente nacional da OAB.

"Então, a população continua insatisfeita com relação aos rumos tomados; não se tem posição nenhuma em relação à Polícia Federal, não se tem posição nenhuma em relação à sindicância que foi instalada dentro do Palácio do Planalto", constatou Busato.




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