A Volkswagen anuncia nesta quinta-feira que os cerca de 14 mil funcionários da fábrica de São Bernardo estarão isentos de tarifas em suas contas bancárias. A montadora, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e o Unibanco, que administra as contas dos funcionários da Volks, chegaram quarta-feira a um acordo em bases semelhantes ao que foi firmado na Ford, também de São Bernardo. Na manhã de quinta-feira os trabalhadores serão informados em assembléia. O sindicato deverá continuar negociando com a empresa a possibilidade de que o benefício seja estendido a funcionários de outras fábricas, como as de Taubaté (SP) e Resende (RJ).

Com a adesão da Volks, pelo menos 38 mil trabalhadores do Grande ABC passam a ter isenção de tarifas nas contas pelas quais recebem os salários. Na avaliação de José Lopes Feijóo, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, a crescente concessão de isenção de tarifas bancárias na região tem favorecido estender as negociações para outras empresas.

Agora são 12 as empresas incluídas na campanha pela tarifa zero, entre elas DaimlerChrysler (Mercedes-Benz), Scania, Mahle Metal Leve, Arteb, Federal Mogul, Makita e Panex. A campanha do sindicato, iniciada em agosto do ano passado, tem como objetivo isentar as funcionais – conta-corrente convencional aberta obrigatoriamente, a pedido das empresas, para o recebimento de salários –, e não as contas-salário, que já são isentas.

De acordo com um estudo da subseção do Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-Econômicos) do Sindicato dos Metalúrgicos do Grande ABC, as tarifas são responsáveis por até 2% do salário mensal dos trabalhadores metalúrgicos do Grande ABC. Esse valor representa metade do aumento real de salários obtido no ano passado para os metalúrgicos de montadoras e autopeças: 4%.

Os trabalhadores pagam entre R$ 255 e R$ 323 por ano para manter uma conta-corrente, de acordo com dados da CUT divulgados pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. No caso da Ford, a média é de R$ 280 anuais por todos os serviços.

Com o aumento do número de bancos que estão aderindo à tarifa zero – além do Unibanco e Bradesco, também já aceitaram a proposta Itaú, Banco do Brasil e HSBC –, o sindicato adotará a seguinte estratégia: ou consegue a isenção em negociação direta com as instituições financeiras ou força a empresa a trabalhar com um banco que conceda o benefício.

A participação dos serviços bancários no faturamento dos bancos brasileiros tem crescido nos últimos anos. Em 2002, os serviços, responderam por 12,6% do faturamento dos bancos; em 2003, por 17,1%; e em 2004, por 20,2%. Os dados têm como base os balanços de bancos que representam 90% dos ativos das instituições bancárias de capital aberto no Brasil: Itaú, Bradesco, Unibanco, Banespa/Santander e Banco do Brasil, todos registrando recordes em seus lucros em 2004. Estudo recente realizado por consultorias mostram que os grandes bancos conseguem, com a cobrança de tarifas, pagar toda a sua folha de pagamento e mais algumas despesas administrativas.