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289 adolescentes são apreendidos na região
Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
25/05/2015 | 07:00
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No Grande ABC, 289 adolescentes foram apreendidos no primeiro trimestre deste ano. O número é 4,71% maior do que no mesmo período de 2014, que registrou 276 apreensões, de acordo com dados da SSP (Secretaria da Segurança Pública) do Estado. A média é de três adolescentes apreendidos por dia nas sete cidades.

O município que apresentou o maior índice foi Diadema, com 109 jovens (alta de 51,39% em relação a 2014). Somente duas cidades tiveram queda: Mauá (-59,26%) e São Caetano (-51,52%). A maior alta, proporcionalmente, foi em Rio Grande da Serra, que tinha dois casos em 2014 e passou para oito em 2015. Na sequência vêm Ribeirão Pires, de dois para quatro, Diadema, de 72 para 109, São Bernardo, de 50 para 66, e Santo André, com aumento de um caso (63 para 64).

Segundo o coordenador da Comissão de Infância e Juventude da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de São Bernardo e integrante do Conselho Estadual da Criança e Adolescente, Ariel de Castro Alves, três principais fatores podem explicar esse aumento. “Neste ano temos cenário diferenciado, uma restrição econômica com diminuição de vagas de emprego, principalmente dos adolescentes, que têm menos formação para o mercado de trabalho. Muitas vezes os pais também ficam desempregados e, quando isso acontece, gera vulnerabilidade no ambiente familiar, o que também colabora para o envolvimento com a criminalidade”, explicou.

Outra situação citada por Castro Alves é referente aos dependentes químicos. Para ele, as drogas são uma das possíveis portas de entrada dos jovens para o crime. “Muitas vezes eles começam no roubo para sustentar o vício. Em casos mais graves, esses adolescentes cometem crimes para pagar dívidas de drogas porque são ameaçados de morte pelo tráfico. E sabemos que a rede pública de Saúde é muito falha na questão de tratamento desse vício”, disse.

Por último, ele menciona o consumismo, estilo de vida que é demonstrado nas letras do funk ostentação. O ritmo musical, que nasceu nas periferias, tem letras que falam sobre dinheiro, roupas e bebidas de marcas. “Muitos são movidos por isso para realizar crimes patrimoniais.”

Segundo a atual legislação, o menor de 18 anos que comete um ato infracional pode ser apreendido pelo período de seis meses a três anos. Eles são direcionados para a Fundação Casa.

De acordo com Castro Alves, o sistema ainda não é o ideal, já que faltam políticas dos poderes públicos para assistir esses adolescentes e suas famílias. Além disso, há escassez de cursos para o redirecionamento dos jovens ao mercado de trabalho, o que contribui para o retorno dele ao crime.

Mesmo assim, ele descarta a redução da maioridade penal. “Seria como enxugar o chão com a torneira aberta. Cada Centro de Detenção Provisória do Grande ABC tem 700 vagas, e hoje há média de 2.500 presos. Imagina colocar esses adolescentes em um sistema penitenciário falido, dominado por facções criminosas. O índice oficial de reincidência na Fundação Casa é de 14%, e, nas penitenciárias, 70%.” 




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