Política Titulo São Bernardo
Dilma culpa Marinho por demora

Governo federal diz que repasse será feito assim
que for comprovado andamento da obra no Paço

Por Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
04/05/2015 | 07:00
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Montagem/DGABC


O governo da presidente Dilma Rousseff (PT) culpou a gestão do prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), pelo atraso nas obras do piscinão do Paço, incluso no pacote do Projeto Drenar. O reservatório, sob tutela da Construtora OAS, está desde o ano passado com ritmo moroso de construção, justamente no período em que empreiteira foi citada na Operação Lava Jato, da PF (Polícia Federal), como uma das corruptoras na Petrobras.

A União, por meio do Ministério das Cidades – chefiado pelo ex-prefeito paulistano Gilberto Kassab (PSD) –, informou ao Diário que repasses acertados para o piscinão do Paço são transferidos à medida em que há comprovação da obra. Ou seja, se não tem trabalho no canteiro, o dinheiro federal não chega. Como é o caso atual.

“A liberação de recursos por parte do Ministério das Cidades ocorre de acordo com a efetiva execução das etapas das obras, devidamente aferida pela Caixa Econômica Federal, mandatária da União, e ocorre, ainda, somente se atendidas as exigências relativas à documentação técnica, financeira, cadastral e jurídica”, informou.

No sistema do governo federal constam obras de drenagem no valor de R$ 800 milhões (inclusive fora do pacote do Drenar). Só o piscinão do Paço, iniciado em dezembro de 2013, está orçado em R$ 295 milhões, com previsão de entrega para o fim de 2016. Outros programas estão em fase avançada.

O piscinão do Paço foi anunciado por Marinho e pelo secretário de Serviços Urbanos, Tarcisio Secoli (PT), como principal obra antienchente da história para combater as cheias da região central da cidade. Foram cortadas vagas de estacionamento ao redor da sede do poder Executivo.

“No caso do piscinão da obra do Centro, chegamos a ter a obra executada e não repassada. Os repasses chegaram depois. Mas eu preciso ter segurança, a empresa quer segurança para dar continuidade do fluxo da obra”, afirmou Marinho, após apresentação da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias), em evento no Teatro Cacilda Becker, na semana passada.

Em outras entrevistas – e também citando diversos empreendimentos públicos –, o prefeito petista reclamou da interrupção nas transferências financeiras. Em janeiro, justificou que R$ 20 milhões em aporte federal não foram repassados para execução do projeto do piscinão do Paço.

Há duas semanas, Marinho voltou a falar sobre a relação financeira entre gestão Dilma e Prefeitura de São Bernardo. “Por que o ministro Kassab esteve aqui e falou que ia trabalhar para colocar os repasses em ordem? Porque não estavam em ordem os repasses, simples assim. Ainda não saiu o decreto de contingenciamento do governo federal. Se perguntar hoje para o ministro Kassab, ele não vai saber responder exatamente qual será o procedimento”, disse Marinho, transferindo culpa pelo atraso.

O piscinão do Paço começou a ter obras reduzidas quando a OAS decidiu demitir 200 funcionários. A administração são-bernardense ainda não descartou cancelar contrato com a OAS, que está em recuperação judicial e estuda abandonar grandes empreendimentos, como os de drenagem de São Bernardo.

União não fala a realidade, diz prefeito sobre museu

O prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), defendeu o aditivo proposto ao governo federal para concluir o Museu do Trabalho e do Trabalhador, e criticou a administração de Dilma Rousseff (PT) na condução do processo. Para o petista, a União “não fala exatamente a realidade” no caso.

“No caso dos atrasos, por mais que vocês (imprensa) falem o que não é verdade, o governo federal, muitas vezes para livrar a barra dele, não fala exatamente a realidade. A obra precisa de aditivo e eles (governo Dilma) demoraram (para repassar) e até hoje não aprovaram o plano de trabalho”, declarou Marinho.

Na semana passada, o Diário mostrou que o governo federal havia depositado R$ 3,5 milhões na conta da Prefeitura em fevereiro, desmistificando frases do prefeito sobre falta de recursos federais para concluir o empreendimento, que terá como principal objetivo enaltecer o padrinho político de Marinho, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“É verdade, depositaram R$ 3,5 milhões, mas não posso executar se o plano de trabalho não está aprovado. É preciso compreender a gestão como funciona”, rebateu o chefe do Executivo.

O Museu do Trabalho e do Trabalhador foi inicialmente orçado em R$ 18 milhões. Marinho já pediu aumento do valor, de R$ 800 mil, o que foi aprovado pelo governo Dilma. A obra está parada desde o ano passado, e o canteiro se transformou em depósito de entulho e material de construção abandonado. O pedido do novo reajuste financeiro do empreendimento está em análise no Ministério da Cultura. (Colaborou Gustavo Pinchiaro) 




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