Equanto o ex-chefe da MTV Networks International, Bill Roedy baseou-se em sua carreira militar para construir negócio de entretenimento para jovens em 165 países com audiência de milhões de telespectadores, ele se divertiu. Essa história que mistura sonho, diversão e sucesso financeiro é relatada no livro "Negócios no Ritmo da Música" (Campus, 312, R$ 69,90).

Em entrevista exclusiva ao Diário, Roedy diz que tem muitas lembranças interessantes dos 22 anos na MTV, incluindo cantar com Bono e Bob Geldof em um bar de karaokê em Tóquio, no Japão, às 5h. “Lembro de estar vestido como um policial e Bono de enfermeira.”

Ele reflete sobre sua carreira construindo o que ele descreveu como “indiscutivelmente a marca mais bem distribuída no mundo”. “Trabalhei muito duro para respeitar e refletir culturas locais, o que significa que cada canal é diferente. Isso era bastante incomum naquela época e ainda é”, diz o responsável por levar a emissora para os locais mais diferentes do mundo, Austrália, China, Alemanha e Brasil.

Na obra, o executivo deixa claro que o segredo para o sucesso foi sensibilizar e pensar em uma programação que fosse voltada para o público local. “Nós jogamos rap no Oriente Médio, mas as letras locais não são sobre cultura de rua. Elas são mais sobre ‘amo minha mãe’.” Outro exemplo disso é que nos países de cultura muçulmana vai ao ar o chamado à oração cinco vezes ao dia. Roedy lembra que também gostava de levar "Beavis and Butthead" para a Rússia e "Jersey Shore" para a Itália.

O autor passou 11 anos nas forças armadas dos Estados Unidos, servindo na Guerra do Vietnã e vários anos nas bases de mísseis nucleares da OTAN na Itália, antes de estudar na universidade de Harvard e, em seguida, descobrir a paixão pela a televisão trabalhando em uma estação local de Boston. Ele prestou serviço na HBO antes de criar a MTV.

“Eu projetei a organização (MTV Networks International) com as lições que realmente aprendi no exército, que é: embora você seja grande, se faz necessário manter unidades pequenas e próximas do inimigo. Isso faz parte da competição”, diz.

HISTÓRIA
Há 30 anos a imagem e a música selavam aliança sem precedentes com o nascimento da MTV, emissora que revolucionaria a indústria musical – para o bem e para o mal – e impulsionando de forma decisiva a carreira de estrelas da cultura pop.

A Music Television entrou no ar em 1º de agosto de 1981 com canção que soava como declaração de intenções:" Video Killed The Radio Star" (O vídeo matou a estrela da rádio), grupo "The Buggles".

Com a criação do canal, a música ganhou um lar. O que seria do 'moonwalk' de Michael Jackson, dos vestidos provocantes de Madonna ou do olhar sedutor de Rod Stewart se não fosse pela rede? Provavelmente muito menos do que eles acabaram representando para o universo musical.

“A MTV ainda é uma inovação corporativa de proporções maiores que a barreira da cultural e de sucesso psicodemográfico. Acho, inclusive, que o rap é o resultado do formato vídeo, senão não o público não teria suportado alguém que falando rimas e palavrões”, afirma o sociólogo da USP Arthur Cadin.

Atualmente, a MTV mundial está mais centrada na promoção de programas próprios do que na exibição de vídeos. A música acabou sendo delegada aos canais menores da mesma companhia, casos do MTV Hits, MT e também para o site da emissora.

MTV BRASIL
Na contra mão da tendência mundial da rede, a ‘filial’ brasileira voltou a ser um dos canais mais assistidos em 2011, uma vez que trouxe novamente os programas que falam sobre música e os videoclipes para sua grade.

Para o diretor de programação Zico Góes, o retorno à característica musical agregou valores à emissora. “Hoje temos programas tanto para a molecada de 11 a 17 anos quanto para os jovens de 20 a 30 anos – faixa que estamos tentando fidelizar novamente. Afirmo que estamos retomando nosso espaço como a mais importante emissora segmentada de música do Brasil."